Assim como muitas regiões do país, Mato Grosso do Sul, teve um início de safra complicado. Faltou chuvas para que a semeadura da soja avançasse mais rápido. Mas diferente de outros situações, as lavouras por lá sofreram pouco, já que o investimento em tecnologias foi grande. A confiança é tão grande, que já tem produtor vendendo soja para 2022.
Em Maracaju, município que mais produz soja em Mato Grosso do Sul, a soja deverá ocupar uma área total de 321 mil hectares nesta safra 2020/2021. Cerca de 80% já foi semeado por lá, um pouco mais rápido que a média do estado, que é de 65%, segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado.
O segredo para esse avanço mais rápido está no investimento em máquinas de alta tecnologia, que fizeram a diferença nesta reta final de semeadura.
“Começamos o plantio com muito medo, já que setembro não tivemos chuva e em outubro demorou bastante para chegar. Mas, realmente estava todo mundo bem preparado. Maracaju usa muita tecnologia. A capacidade por linha das plantadeiras são excelentes. Então tivemos um plantio muito rápido”, diz a representante do Sindicato Rural do município, Ana Neri Terra Souza.
O otimismos é tão grande, que a expectativa no município é repetir a produtividade média alcançada no ano passado, de 65 sacas por hectare.
Para isso, os agricultores têm um grande aliado: os campos de pesquisas da Fundação-MS, que realiza testes regionais com os materiais das principais obtentoras de genética de soja do país. Para esta safra, 100 novas cultivares estão sendo testadas. Sendo que 94 delas já podem ser usadas.
“Isso dá ao produtor opções de escolha, opção de identificação da cultivar de soja que tem a probabilidade de desenvolver melhor na sua área e de entregar maior produtividade, consequentemente”, diz o pesquisador da Fundação-MS, André Ricardo Gomes Bezerra.
O investimento no solo é outro ponto de destaque em Maracaju. Na fazenda do produtor Luís Alberto Moraes Novaes, isso tem sido essencial para a manutenção da umidade, mantendo as plantas de soja germinadas bem abastecidas nos momentos de baixa disponibilidade de água.
“Temos a braquiária no meio do milho safrinha por aqui. Além disso, a gente tem trabalhado perfil de solo para que a raíz possa se aprofundar mais e resistir mais a seca. Estamos em uma região de veranicos complicados. Hoje a gente trabalha a fertilidade há 40 centímetros e trabalha a palhada por cima, para não perder água, deixar o solo fresco”, conta Novaes.
Mesmo com o verde das lavouras bem estabelecidas se destacando, o agricultor está apreensivo em relação as vendas antecipadas. Por lá, ainda falta 30% da lavoura para cultivar, por isso, as plantadeiras correm contra o tempo. A pressa é para garantir o calendário da segunda safra de milho e honrar os contratos de 60% da produção de soja, com entregas programadas para fevereiro.
“Não podemos fazer uma quantidade de contratos muito grande, pois há o risco de não produzir essa soja, justamente por causa deste atraso no plantio. Mas vamos com responsabilidade, afinal já temos um bom número de contratos já efetuados para o ano que vem”, diz Novaes.
Mas se por um lado ele já não quer travar novos contratos para esta safra, para não correr riscos, do outro ele já começa a pensar em 2022, pensando justamente em aproveitar os bons preços, escalonar as vendas e diminuir os riscos de queda de preços.
Esse ano, pela primeira vez, a valorização do grão fez ele tomar uma iniciativa inédita: vender 20% da soja que só vai ser colhida em 2022.
“Preços bastante favoráveis. Eu acho que é um momento que o produtor tem que aproveitar, já que os custos de produção vem subindo também, acompanhando esses preços de hoje. A volatilidade de preços pode trazer um custo de produção que não é uma realidade boa para nós em um futuro próximo”, afirma Novaes.