Com o retorno das chuvas, produtores iniciaram o plantio da soja. No Paraná, na região de Maringá, o produtor Marco Bruschi iniciou o plantio neste domingo, 18, após mais de 30 dias de atrasado por conta do tempo seco.
Em Mato Grosso do Sul, as chuvas voltaram e o plantio ganhou força no município de Maracaju, na propriedade do Marcos Terol e também em Sete Quedas, na fazendo do produtor Jean Weber.
As chuvas da semana passada, especialmente as registradas a partir da última quarta-feira, 14, em diversas regiões do Brasil, colocaram os produtores de soja em campo para tirar o atraso do plantio da safra 2020/2021. Mas, de acordo com boletim da consultoria AgRural, apesar da melhora de ritmo já observada com o aumento da umidade, não foi possível avançar muito até quinta-feira, 15, quando 7,9% da área estimada para o país estava semeada – ainda o menor índice em dez anos para meados de outubro. Uma semana antes, 3,4% da área estava plantada.
Sementes
Em Sorriso, Mato Grosso, o plantio está atrasado e agricultores já buscam sementes para dar início ao replantio em algumas áreas.
“As chuvas estão sendo muito espaçadas, chove em parte da propriedade e em outra não. Além disso, se não houver o registro de uma chuva mais abrangente, podemos ter problemas com o replantio da soja. De acordo com algumas empresas de revenda, já há procura de sementes de replantio em Sorriso. A esperança é que as chuvas cheguem até a próxima quarta-feira, 21, para conseguirmos continuar com os trabalhos em campo e para que a safrinha de milho em fevereiro do ano que vem não seja também afetada”, explica Silvano Filipetto, presidente do sindicato rural de Sorriso (MT).
De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador Luiz Tadeu Jordão, o impasse com as sementes da soja não é um problema apenas pontual em Sorriso. “Em regiões do Brasil Central, nós já registramos esse problema. Produtores estão relatando dificuldades com a qualidade das sementes. Já há relato de sementes com mancha púrpura. No Paraná, há registro de sementes que foram colhidas com alta umidade e isso reflete diretamente no potencial da lavoura”, afirma o especialista.
“E isso é muito em função de dois momentos: o primeiro que foi a seca muito severa que tivemos no Rio Grande do Sul , e segundo foi do excesso de chuvas que houve no cerrado, que produz também. Com isso é possível que tenhamos outra safra novamente desafiadora no Rio Grande do Sul”.
Quebra da safra
Contudo, apesar dos problemas com o clima, Jordão afirma que ainda sim é cedo para estimar uma possível quebra no ciclo. “O Cerrado tende a ter regularidades de chuvas na maioria das regiões produtoras, embora tenhamos sim o atraso comparado aos últimos dez anos, mas lembrando que em muitas regiões esse momento é considerado a melhor janela de plantio agronômica”, diz ele.