O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Rosa, afirmou em entrevista ao programa Mercado & Cia. desta quinta-feira, 9, que tem observado que algumas tradings estão começando a colocar em contratos de compra de soja a exigência de moratória contra desmatamento, mesmo em biomas como o Cerrado. Segundo ele, há empresas impondo que os grãos não venham de área abertas após 2008, mesmo que de forma legal, o que vai além da legislação ambiental.
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A orientação da Aprosoja aos produtores é de que leiam bem os contratos e que busquem fechar negócios com empresas que não estão fazendo essas exigências. Caso o sojicultor não fique atento, ele pode ser pego de surpresa e penalizado.
“Se inadvertidamente ele assinou o contrato e depois, por algum motivo – problema de comunicação entre órgão ambiental do estado e Ibama, por exemplo – tiver alguma inconformidade, ele pode ter a soja rejeitada. Imagine o prejuízo que seria”, afirma Rosa.
Preservação
O diretor da Aprosoja diz, ainda, que há certa confusão sobre o tema preservação do meio ambiente. Com a Amazônia no centro das atenções, tenta-se atribuir os focos de incêndio à produção de soja. “Reforçamos que 99,9% dos produtores faz tudo corretamente, de acordo com a leis ambientais. Eles não estão agindo de forma ilegal e nem são responsáveis pelo desmatamento em nenhum bioma brasileiro”, pontua.
Uma boa notícia, segundo Fabrício Rosa, é que tudo caminha para que o ativo ambiental mantido pelos produtores dentro da propriedade comece a ser valorizar. “Não só o excedente, mas a própria reserva legal e APP [área de preservação permanente]. Nada mais eficiente do que valorizar, e isso é uma reivindicação antiga do setor, que preserva a natureza por ele e pela humanidade”, diz.