A nova portaria do governo de Goiás, que confirma um limite para saída de até 70% da produção de grãos do estado continua provocando divergências no setor produtivo goiano. O temor dos produtores é que a renda seja afetada com a medida. Na avaliação da consultoria Terra Agronegócio, o impacto pode chegar até 4% no preço pago ao produtor.
“Neste momento, não haverá muito impacto porque 85% da safra já foi vendida, mas não podemos analisar apenas seis meses. No ano que vem, o impacto pode variar de 3% a 4% na renda, a depender do câmbio”, avalia Ênio Fernandes, analista de mercado da consultoria goiana.
Já a Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), entidade que representa as processadoras de soja e milho do estado, não acredita que haverá impacto na renda do produtor rural. O diretor-executivo da Abial, Edwal Portilho, diz que a medida ajuda a manter a atividade industrial no estado, abrindo um mercado consumidor firme para o grão. Portilho também argumenta que o valor agregado no processamento do grão ajuda na economia estadual.
“Nós acreditamos que a tributação será em um volume muito pequeno do que é produzido aqui. A indústria hoje tem capacidade de esmagar 90% da produção de grãos do estado e, muitas vezes, ela costuma pagar mais que a referência para exportação. Se a medida for revogada, o produtor pode perder este mercado e muitas indústrias podem cortar as atividades nas plantas de produção, causando desemprego e diminuição na arrecadação estadual”, pontua o diretor-executivo da Adial.
Na última sexta-feira, dia 1, o governo de Goiás decidiu manter a restrição para a saída de soja e milho do estado. A regra determina que o produtor que vender 100% da produção para fora de Goiás vai ser obrigado a pagar ICMS sobre 30% deste volume. A publicação da portaria surpreendeu o setor produtivo, que esperava a revogação desta medida.