A agricultura brasileira não parou em meio à pandemia da Covid-19. Pelo contrário, produtores rurais aproveitaram os preços dos grãos em alta para aumentar a área plantada e investir em máquinas agrícolas, que são determinantes para extrair o melhor da lavoura.
O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de. Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Marchesan, conta que as vendas de máquinas agrícolas cresceram 20% neste ano.
Outro ponto que alavancou a comercialização é a defasagem tecnológica existente no Brasil. Segundo o dirigente da Abimaq, 50% das máquinas agrícolas em uso têm mais de 10 anos.
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Produtor acredita na atividade
Ele chama atenção para o fato de que, bem capitalizados com as vendas antecipadas e diante de uma escassez nas linhas do Plano Safra, muitos agricultores compraram usando recurso próprio.
“Temos uma escassez de recursos, principalmente os controlados. Reivindicamos pelo menos R$ 15 bilhões e só tivemos R$ 6,5 bilhões, o que provocou o término do dinheiro no primeiro semestre”, diz Marchesan. Outros produtores com menos caixa têm investido usando recursos do BNDES e de bancos privados, que têm taxas de juros superiores a 9%.
Perspectivas para as máquinas agrícolas em 2021
A pandemia da Covid-19 criou dificuldades logísticas e de produção no mundo inteiro, o que levou à falta de peças usadas em máquinas agrícolas. Os equipamentos que dependiam de itens importados sofreram um pouco.
Outras que não dependiam tanto de importações foram atingidas pela falta de matéria-prima, como aço e derivados do plástico. Mas, segundo a Abimaq, a situação dessas deve ser regularizada no começo do ano.
Isso não implica, no entanto, em atraso na entrega das máquinas compradas pelos produtores rurais, afirma Marchesan. “Nenhuma fábrica vai aceitar a negociação sem ter previsão de entrega. O tem hoje [vendido] está programado. Temos fábricas de altíssimo nível, com muita responsabilidade, apesar de todas as dificuldades”, afirma.
Todo esse cenário positivo faz a Abimaq esperar por crescimento de pelo menos 10% na venda de máquinas agrícolas em 2021. “É uma visão realista, porque a necessidade de modernização é muito grande”, pontua.