O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou melhora na condição das lavouras de soja do país. A atualização semanal foi divulgada nesta segunda-feira, 20.
As lavouras de soja em boa ou excelente condição subiram de 68% para 69%. O índice das lavouras regulares caiu de 25% para 24% e os campos em condições ruins permaneceram em 7%. Já as lavouras de milho em excelente ou boa condição foram mantidas em 69%. Os campos regulares se mantiveram em 23% e as lavouras ruins aumentaram de 7% para 8%.
De acordo com o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado,os mercados reagiram de forma negativa nesta terça-feira, 21, à possibilidade de uma safra norte-americana sem muitos problemas. Porém, diz ele, a produtividade das culturas será definida apenas em agosto e o Meio-Oeste dos Estados Unidos apresenta problemas de umidade que devem impactar a safra.
“O milho superou essa fase crítica e, em agosto, o USDA deve divulgar um novo levantamento de produtividade no seu quadro de oferta e demanda. Alguns analistas acreditam que a produtividade pode ser maior do que a prevista e outros esperam algum corte. Sendo assim, o mercado continua sem muitas novidades no milho, mas a soja ainda depende do clima no mês de agosto e desse movimento de compras da China no mercado norte-americano”, diz Molinari
Segundo o analista, o Brasil possui baixos acumulados de soja disponíveis para a venda, tendo comercializado 92% da soja. Ou seja, haveria apenas 8% disponível para atender a toda a demanda interna brasileira até fevereiro, quando entra a nova safra no mercado. Com isso, os preços internos começaram as se distanciar dos valores de exportação.
“A demanda interna de farelo e óleo se posiciona contra o risco de desabastecimento dos produtos ao longo do segundo semestre. Em Uberlândia, negócios giram em torno de R$ 113 a R$ 115 por saca, enquanto nos portos os negócios estão a R$ 116. Sendo assim, a China precisará se abastecer no mercado americano, o que é bom para os preços em Chicago”, afirma.
Importações
O Brasil já passou a importar soja e farelo de soja do Paraguai para suprir o mercado interno, e tem também como alternativa a importação de soja argentina, algo que ainda não aconteceu até o momento, segundo o analista. “O único problema na importação da soja paraguaia é o trabalho lento por parte da alfândega na fronteira entre os países, devido à fiscalização sanitária por conta da pandemia da Covid-19”, informa o analista da Safras & Mercado.
“Pode ser possível importarmos farelo de soja dos Estados Unidos para abastecer o Nordeste, já para a Argentina, não estamos vendo esse movimento de importação nem mesmo para o farelo de soja. Por enquanto, esse movimento de compra vem do Paraguai para o Sul do Brasil, no entanto, as demais regiões do Brasil não possuem essa alternativa devido ao preço, por esse motivo, é melhor comprar soja disponível com um preço um pouco mais alto do que ter que fazer uma importação em outubro e novembro com um preço muito alto”, comenta Paulo.
De acordo com Molinari, o Brasil já comercializou 42% da safra 2020/2021 e muitos produtores, aproveitando a excelente relação de troca soja/fertilizantes, já passam a adquirir fertilizantes para a safra 2021/2022.