Para ministro Antônio Andrade, preço baixo do café é psicológico

Em entrevista ao Bancada Rural, ministro debateu preço do café, questão indígena e deficiência logística do paísO programa Bancada Rural recebeu no domingo, dia 21, Antônio Andrade, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Questionado sobre a demanda dos cafeicultores para recuperação de preço do grão, Antônio Andrade foi taxativo ao afirmar que a questão é mais "psicológica do que real".  Ainda assim, ele afirma que o Ministério usará de todos os mecanismos possíveis para garantir ao produtor um bom preço.

– Essa questão da baixa do café é muito mais psicológica. Nós tivemos um período longo com preço do café muito baixo. Tivemos nos últimos anos um preço razoável. De repente, o preço do café caiu e hoje os estoques internacionais estão diminuindo. Hoje temos uma produção menor que o consumo, que está aumentando em uma média de 2% ao ano. Enquanto isso, a produção está estagnada. Na hora em que conseguirmos adquirir três milhões de sacas de café e injetarmos dinheiro para fazermos a comercialização e a colheita do café, acho que conseguiremos um bom preço do café – afirmou o ministro.

Questão indígena envolve “fatores ideológicos”

Andrade comentou também a expectativa do Mapa de que os atuais conflitos envolvendo indígenas e produtores rurais cheguem ao fim, apesar da falta de posicionamento do Ministério.

– Espero que tudo seja resolvido. Acredito que nem os índios querem que essa situação perdure. Precisamos resolver isso o mais rápido possível. O produtor precisa ter tranquilidade para produzir. O Ministério da Agricultura está bastante preocupado com a situação, apesar de estarmos calados – afirmou Andrade.

Recentemente, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prometeu para agosto uma proposta para solucionar os conflitos em Mato Grosso do Sul. Para Andrade, existem fatores “ideológicos e emocionais” que dificultam o trabalho de apaziguamento proposto pelo governo federal. Para ele, se colocado em perspectiva, as condições dos indígenas melhoraram muito nos últimos anos.

– Nós hoje concedemos aos índios uma área muito maior. Na reserva Raposa Serra do Sol [no noroeste de Rondônia], por exemplo, os índios estão passando fome. Os arrozeiros que abasteciam os índios se afastaram da área, e de repente os índios não conseguem desenvolver a agricultura lá. Há um fator ideológico e um fator emocional muito grande nessa discussão – afirmou o ministro.

Deficiência logística

Para Andrade, o agronegócio brasileiro é prejudicado por dois fatores: a falta de logística e de infraestrutura. O ministro reforça que o governo federal percebe a importância do setor para a balança comercial brasileira e que os investimentos nestes setores estão chegando.

– Só este ano serão R$ 5,5 bilhões investidos na logística. Vamos construir dez armazéns e reformar todos os da Conab, além de vender alguns sem condições de uso – disse o ministro.

Quanto aos portos, a questão é mais delicada. Ainda assim, a expectativa é que o país seja o maior exportador mundial de grãos em poucos anos. No começo do mês, o governo federal publicou o decreto da Lei dos Portos.

– O que podemos fazer a curto prazo, estamos fazendo. Já lançamos o lacre eletrônico para que a carne chegue no porto e possa embarcar direto, sem necessidade de ficar parada. Temos a Vigilância Sanitária de domingo a domingo nos portos. Montamos uma equipe de trabalho também. Estamos tendo resultados: só nesse semestre, embarcamos 9 milhões de toneladas a mais do que no semestre passado. Estamos conseguindo escoar a produção, mesmo com custo maior do que o internacional – concluiu o ministro.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

Clique aqui para ver o vídeo

Clique aqui para ver o vídeo