O terceiro painel do Fórum Planeta Campo abordou o tema “Baixo carbono: o protagonismo da agricultura”.
No painel, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Júlio Cézar Busato, disse que quando os números do agronegócio brasileiros são expostos, fica difícil sustentar a narrativa de desmatamento.
“Usamos apenas 8% do território para produzir tudo aquilo que produzimos de grãos e fibras. Preservamos uma área maior do que a Europa. Mas ninguém quer ouvir, embora esses sejam os números, seja a verdade”, afirmou.
Segundo Busato, 81% do algodão brasileiro têm o selo ‘Algodão Sustentável’. “Só o Brasil tem um Código Florestal, nós temos o algodão mais sustentável do mundo. Somos radicalmente contra o desmatamento ilegal. Agora, ninguém fala isso. Precisamos nos unir, para juntos jogar melhor o jogo”, disse.
Mercado de carbono
O presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, apresentou o ‘Soja Legal’, um programa que existe há mais de 10 anos. “São mais de 3 milhões de hectares, 1.600 propriedades rurais, 2.505 produtores que seguem o tripé ambiental, social e econômico. A gente já faz tudo isso, mas falta mostrar”, contou.
Segundo Cadore, a Aprosoja-MT está buscando a remuneração por isso. “Recentemente nós contratamos um estudo da Esalq/USP para quantificar o nosso sequestro de carbono no sistema de plantio direto e também nas reservas. Todos os produtores do projeto estão aptos a comercializar. Ou existe dinheiro no mundo para pagar o sequestro que a gente faz na agricultura ou a gente acaba com a narrativa que existe mundo afora”.
Notícias Relacionadas
Segundo Cadore, o Brasil está fazendo a parte dele na produção sustentável, mas questiona se os outros países também estão sendo cobrados pelo mesmo. “Quando alguém compra um queijo da França, alguém se preocupa em questionar se aquele produto também é sustentável? É preciso cobrar a descabornização global. Como os outros países estão fazendo? Essa cobrança precisa ser feita, da mesma maneira que cobram o Brasil”, disse.
Plano ABC
Mariane Crespolini, diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura (Mapa), afirmou que a agropecuária brasileira tem uma trajetória marcada pela ciência. “Até pouco tempo, o Brasil importava feijão. No período mais recente, o país assumiu o compromisso de investir na agricultura de baixo carbono, com o plano ABC, colocando como meta 35 milhões de hectares de meta. Nós atingimos 52 milhões de hectares, segundo dados da Embrapa”.
Crespolini disse que o ABC é uma política mundialmente reconhecida. “Revisamos o ABC, e novas tecnologias foram incluídas. Queremos atingir mais 72 milhões de hectares”, revelou.
No Plano Safra, o plano ABC tem a segunda linha de crédito mais atrativa, perdendo apenas para o Pronaf. “Nós aumentamos o recurso em 100% no ABC. Nós como governo temos que dar a ferramenta, mas temos que destacar o papel do agricultor como protagonista desta transformação”.
Segundo o diretor de RH e Sustentabilidade da SLC Agrícola, Álvaro Luiz Dilli Gonçalves, o pequeno produtor ainda está distante tecnologicamente dos grandes produtores quando o assunto é ESG. “No caso da SLC que desde 2016, por exemplo, que mede a pegada de carbono. Como nós vamos comunicar isso, ensinar isso para o pequeno produtor. É um desafio. É um processo que tem que começar via assistência”.
