>> Reportagem faz parte da série Agronegócio 2011/2012 do Canal Rural
As manifestações bloquearam a principal ponte de ligação entre o Brasil e Argentina. Os agricultores reclamavam do valor, que estava 35% menor do que o estipulado como mínimo pelo governo federal.
O Paraná, maior produtor de trigo do país, reduziu a área plantada pelo terceiro ano seguido. Foram semeados 11 milhões de hectares a menos do que no inverno passado. A dificuldade de comercialização levou muitos agricultores a trocar a cultivar pelo milho. Já na segunda safra, o Estado plantou 1,6 milhão de hectares do grão. O número representa um aumento de 20% a mais do que no inverno de 2010. O produtor Odair Favali comemora.
– Os preços do milho hoje estão bons. É satisfatório para nós. Tem contrato para vendermos o milho e garantir o preço. Então, a gente investiu mais – diz.
– Nós tivemos um preço muito bom no mercado de milho de um ano e meio para cá. Os fundos internacionais direcionaram-se para as commodities e problemas climáticos em outras áreas geográficas do mundo. Tudo isso fez com que o grão fosse valorizado – afirma o coordenador do Fórum Nacional do Milho, Odacir Klein.
Com o preço do milho em alta, o arroz passou a ser usado como ração animal, conforme explica o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi.
– O produtor terá a garantia do preço mínimo e a indústria de ração para frangos e suínos vai ter um preço menor do que ela está pagando pelo milho – aponta.
No Sul do país, as lavouras de soja surpreenderam os agricultores. A média de produtividade chegou a 50 sacas por hectare, a maior já registrada na região. As cooperativas ficaram com armazéns lotados. De acordo com a Conab, a área plantada com grãos deve aumentar entre 1% e 3% na próxima safra. Os principais responsáveis deverão ser o milho e a soja, que pode ter um crescimento de 10% nas lavouras.
– Se você analisar o crescimento e a produção da soja nesses últimos anos, é impressionante. Nós estamos, nesta safra, com 74 milhões de toneladas. Estamos subindo 10 milhões de toneladas todo ano – avalia o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli.
A Conab calcula que a produção nacional de grãos para a safra 2011/2012 deve chegar a 159 milhões de toneladas. É uma redução de 2,4% em relação ao que foi colhido na última safra, segundo o diretor de política agrícola da Conab, Sílvio Porto.
– A tendência de chuva com regularidade nos próximos três meses, principalmente no Centro-Oeste, é uma sinalização muito positiva. E mesmo esta preocupação em relação a uma possível estiagem no Sul poderá não se confirmar e, portanto, os dados para o ano que vem podem ser novamente surpreendentes em relação a este ano – afirma.
– As condições de outros eventos que possam ocorrer é que darão para nós a segurança sobre se teremos 163 milhões de toneladas como na safra passada. Um número significativo, positivo e que poderá até ser igual ou até mesmo, de forma extraordinária, ser ultrapassado – opina o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio Rocha.