Desde o começo do ano, os níveis baixos de chuva nas regiões cafeeiras deram indícios de que a safra não sairia como o esperado. O clima não colaborou principalmente com o conilon. O Espírito Santo, principal estado produtor do grão, vem há anos sofrendo prejuízos na produção.
O presidente do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, o conilon é consumido em 40% do mundo. “Quando acontece um problema como esse [referindo-se aos entraves na produção], o reflexo vem nos preços internacionais e internos. Agora, o Brasil é um grande consumidor, é o segundo no mundo e utiliza também nos seus blends”, diz.
Buscando alternativas, as indústrias pediram permissão do governo para importar conilon. No entanto, o deputado federal Carlos Melles (DEM-MG), que preside a Frente Parlamentar Mista do Café (FPMC), alerta quem fizer isso corre o risco do café não entrar no Brasil. “Fica barrado no porto, legalmente, até apresentar todos os laudos de sanidade. Você pode estar importando uma doença e um café de qualidade muito inferior ao que nós temos aqui. Isso é um dumping”, afirma. Ele completa oferecendo outra solução: “é só colocar mais café arábica no blend, que é muito superior, e temos um problema resolvido. Criou-se um problema sem precisar, é o tal do pelo em ovo”, diz.
Outra perspectiva
O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, ameniza e explica que essa movimentação é normal no setor, já que o café tem bienalidade. “O ano que vem terá uma safra maior que 2017. Nós tivemos uns problemas climáticos em que os grãos foram muito pequenos e com isso a produção foi inferior aquilo que se esperava”.
Tamanho e qualidade do grão foram os desafios da produção neste ano. César Gomes, gerente de classificação da Cooxupé, diz que “a cada dez amostragens, seis estão com índice abaixo de 30% da peneira, que é o tradicional”.
A cada dez amostragens, seis estão com índice abaixo de 30% da peneira, que é o tradicional
Gomes afirma que em anos anteriores, quando acontecia uma safra menor, o tamanho dos grãos ajudavam a equilibrar. Este ano, isso não ocorreu e o volume de exportações de 2017 caiu 10% em relação a 2016.
Segundo o gerente de divisão comercial da Cooxupé, Mário Panhotta, os embarques foram influenciados pelo volume colhido esse ano e pela volatilidade do dólar. “Porém, contra uma cotação da Bolsa de Nova York caindo, dificultou o processo, as margens para os comerciantes no ato de exportação, então o mercado no geral foi bastante mais retraído do que no ano passado”.
Com a produção menor, o cafeicultor nunca investiu tanto para tentar virar o jogo. Além de tecnologia, a venda de fertilizantes bateu recorde. Entre os associados da maior cooperativa de cafeicultores do país foram 300 mil toneladas de fertilizantes comprados só neste ano.
O que vem por aí?
O mercado está prevendo uma safra muito grande em 2018, diz o Paulino. “O que é errado! Ano que vem, vamos ter uma boa safra, mas não vai ser uma super safra. Pelos levantamentos na nossa área de atuação, será inferior a 2016”, diz.