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500 anos de cachaça: inovação conquista espaço no Brasil e no exterior

O sabor da tradicional bebida brasileira foi renovado para atender ao público estrangeiro e tem gerado bons resultados para investidores

Fonte: Suelen Farias /São Paulo

A cachaça brasileira, que completou 500 anos nesta terça-feira, dia 14, tem se mostrado um produto bastante versátil e, nos últimos anos, tem se renovado para um público cada vez mais exigente. Na segunda série de reportagens sobre a bebida nacional, o Rural Notícias mostrou como produtores reinventaram o destilado, dando mais leveza e naturalidade à cachaça.

Um dos investidores desta cachaça renovada é o empresário Carlos Oliveira, que depois de muito observar a reação dos consumidores no balcão de um bar na Bahia teve a ideia de combinar o sabor da bebida com o azedinho do limão e o gosto marcante do mel.  “Eu servia a cachaça e ficava observando os estrangeiros, que provavam a cachaça e faziam uma cara esquisita de surpresa pelo sabor, que é próprio da cana. Vi que eles começavam a tomar a cachaça e em pouco tempo mudavam de bebida”, disse.

Oliveira tentou, então, agradar os consumidores com um produto mais agradável, que fosse tomado além da primeira dose. Depois de anos de pesquisa, ele investiu na combinação e, em 1997, começou a mistura em uma fábrica em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.

“É praticamente uma caipirinha, onde a gente só troca o açúcar pelo mel. A bebida tem uma graduação alcoólica mais baixa e vem atendendo bem o mercado, que sentia falta de uma bebida com essa graduação alcoólica”, avaliou o empresário.

Hoje a bebida é encontrada em todos os estados brasileiros, incluindo os aeroportos nacionais. Um investimento em distribuição que deu visibilidade internacional à marca, que lá fora coleciona apreciadores exigentes. Atualmente, o Brasil exporta cerca de dez milhões de litros de cachaça por ano e os principais destinos são a Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

Cachaça orgânica

Já uma fazenda mantida há 25 anos no município de Alexânia, em Goiás, inovou ao investir na produção de cachaça 100% orgânica. A cana colhida é certificada pelo Selo Internacional de Produtos Orgânicos (IBD). Segundo o empresário responsável pela marca, Galeno Furtado Monte, nenhum componente químico na lavoura.

“O meio ambiente é beneficiado porque a gente não agride literalmente nada do meio ambiente. Nem formiga a gente combate com produto químico. Para você ter uma ideia, nós mandamos fazer a análise química dela e tudo é 100% natural, o carbamato de etila que é uma grande preocupação hoje no mundo, o nosso índice está em 7%, quando a legislação permite 150%, isso em função do produto orgânico”, disse.

Depois de moída, a planta passa por um processo de retirada de impurezas e fermentação do caldo. Parte da cachaça produzida é envasada e a outra porção segue para o envelhecimento na adega, um tipo de preparo que se tornou “a menina dos olhos” da marca, principalmente quando o destino é o mercado externo.

“Nós estamos entrando no mercado estrangeiro com a cachaça envelhecida(…). O perfil da cachaça envelhecida vai competir com o conhaque envelhecido, a tequila, o rum, o whisky e o whisky americano”, falou.

Apesar de o Brasil exportar, em média, dez milhões de litros de cachaça por ano, a crise econômica mundial estacionou os embarques nos últimos dois anos. Essa realidade obrigou produtores e entidades do setor a buscarem alternativas para alcançar mercados potenciais e novas tendências de consumo.

“Historicamente, a Alemanha é um dos principais destinos das nossas exportações, tanto em volume quanto em valor. EUA também têm uma participação muito importante, além de alguns mercados na Europa quanto no Mercosul. Pra ampliar esse potencial do Brasil, o Ibrac – Instituto Brasileiro da Cachaça-, em parceria com Apex Brasil, já tem um convênio assinado desde 2012, que foi renovado em 2014, pra conseguir trabalhar alguns mercados-alvo, principalmente Alemanha, Reino Unido e EUA”, disse o diretor-executivo do Ibrac, Carlos Lima.

E para dar ainda mais credibilidade à bebida brasileira no mercado internacional, o Ministério da Agricultura trabalha em uma instrução normativa que vai criar um certificado para atestar a qualidade da bebida envelhecida produzida nos alambiques brasileiros.

De acordo com o diretor da Divisão de Vinhos e Bebidas do ministério, Carlos Muller, a instrução normativa quer dar um certificado de envelhecimento para exportação. “É um sistema que controla muito bem o tempo de envelhecimento da bebida e garante que essa bebida que vai ser exportada para outros países tenha efetivamente aquele tempo de envelhecimento. Isso deve acontecer em um prazo inferior a um ano, já que a gente já tem o sistema praticamente pronto”, finalizou.

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