Um ácaro até 30 vezes menor que os convencionais está preocupando produtores de lichia. A praga, que prejudica o ciclo da planta, se instala nas folhas e pode comprometer até 100% da safra.
O inseto se aloja na folha e provoca fissuras que mais parecem cicatrizes. Bastam poucas semanas para o micro-ácaro atacar o botão floral da planta.
– A identificação dele é até simples, porque forma um aveludado marrom na planta. Isso nada mais é do que a colônia dos ácaros e a disseminação dele é bastante rápida. O ciclo dele, em torno de dez dias, completa uma geração. Então ele multiplica muito rápido, e por ser uma praga sugadora, ele acaba debilitando a planta, acaba frustrando a produção e causando grande dano – explica o agrônomo Lourival Dantas Fagundes.
Ainda não se sabe de onde veio e como o ácaro chegou ao Brasil em 2008. O que especialistas e produtores estudam é a maneira mais eficiente de combater a praga.
– Infelizmente, hoje nós não temos nenhum produto registrado que possa se passar na lichia. Em função disso, é problema para o agricultor como controlar uma praga se nós não temos registro de nenhum produto que a gente possa passar. Então hoje, o micro-ácaro para lichia é um problema – diz o produtor de lichia Roberto Losque.
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Na propriedade de Losque, que produz lichia há 12 anos, o micro-ácaro foi identificado pela primeira vez em 2010. Hoje, dos 200 pés da propriedade, 99% deles já deram sinais de contaminação.
– No primeiro ano o que eu fiz foi o seguinte, cortei a ponta de tudo, cortei a ponta dele tentando jogar para fora. Achei que isso ia solucionar o problema, até houve uma rebrota, mas depois eu percebi que no outro ano se infestou de novo. Eu tenho sofrido muito mesmo [com o ácaro]. No ano passado, a gente já teve uma pequena produção, esse ano agora já não vai ter produção, porque o micro-ácaro tomou tudo e não vai ter produção – diz.
Enquanto aguardam o registro de um produto eficiente no combate à praga, a alternativa usada por muitos produtores da fruta tem sido a pulverização das folhas com uma solução simples e inofensiva: água e enxofre.
– O enxofre, ele tem uma ação cálcica, de corrosão mesmo do ácaro, então ele fica num ambiente hostil com a presença dele. É recomendável que ele [produtor] procure a casa da agricultura, porque para cada região muda a dosagem dos defensivos a serem usados. Geralmente se usam aí defensivos à base de enxofre, que tem uma toxidade mais baixa, mas é mais uma questão aí de você estar causando um desconforto na praga. E também é um produto seletivo, você não está matando os ácaros predadores. Foi observado que existem muitos ácaros predadores que acabam controlando essa praga – diz o agrônomo.
