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Acompanhe de perto uma captura de javali

 Durante dois dias, a equipe do Canal Rural acompanhou o trabalho de caçadores de javalis no interior de Minas Gerais

O javali silvestre tem se tornado, ao longo dos anos, um grande problema para muitos produtores rurais no Brasil e, desde 2013, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fornece a autorização para o controle destes animais. Durante dois dias, a equipe do Canal Rural acompanhou o trabalho de caçadores de javalis no interior de Minas Gerais, em uma tarefa que não é fácil e exige planejamento e investimento financeiro.

A jornada começa cedo, logo ao raiar do dia. Um grupo de caçadores preparou seus equipamentos para procurar javalis na região de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, local de grande incidência de javalis.

Na primeira fazenda visitada pelo grupo foram encontrados rastros de javalis pequenos. As mudas de cana derrubadas mostraram a força do animal, que é considerado uma praga para a agricultura. “A incidência dos animais provoca o sumiço de nascentes, pois eles reviram tudo e acabamos perdendo nascentes de água de mina que iam para os rios, que estão até diminuindo de volume por causa da morte das nascentes”, falou o caçador Leonardo Knichalla.

Hora da caçada

Os javalis podem pesar até 150 quilos e correr 40 quilômetros por hora. Em muitos casos, eles são agressivos e para pegá-los é preciso ter estrutura. Na caçada de Uberlândia, foram usados 20 cachorros, dez pessoas, caminhonetes, motocicletas e equipamentos de ponta. A tecnologia também é aliada dos caçadores, que colocam coleiras com GPS nos cães para monitorar os animais.

“Tem caçada que a gente anda até 30 quilômetros. Nós usamos cães da raça foxhound americano, que são ótimos rastreadores e, sem o GPS, a chance de perder um cachorro é grande”, disse o caçador Mário Knichalla Neto.

Toda caçada tem um guia, que entra na mata junto com os cachorros para orientar os animais. O restante do grupo monitora a movimentação via GPS. Em nossa empreitada no Triângulo Mineiro, foi necessária quase uma hora de caçada para vir a primeira notícia do aparecimento de javalis, que estariam do outro lado de um brejo, embrenhados em uma mata. No entanto, como a travessia era arriscada para os cães, a equipe preferiu contornar o brejo com os animais na carroceria da caminhonete.

Já em outra propriedade, os caçadores encontraram sinais claros da presença de javalis.  Cerca de 20 cães foram soltos e correram atrás do rastro deixado pelos animais selvagens. O local era de difícil acesso, com muitas árvores e mata densa.

Após alguns minutos, os cães foram alcançados, já com o javali dominado.  Neste momento, a equipe de caça sacrifica o animal rapidamente, para evitar mais dor e sofrimento. “Na hora que a gente soltou os primeiros cachorros, que são melhores de faro, já percebemos que tinha um porco. Os outros cachorros foram soltos e não demorou muito para pegarem o javali”, disse Mário Knichalla.

Após a contenção dos cães, os caçadores finalizam a presa com o uso de facas. “A gente só pode agir quando os cães já estão agarrados ao porco, pois se ele ainda estiver solto, a gente corre o risco de se machucar”, disse o caçador Joseph Correa Evangelista.

Fase pós-abate

Depois do abate, começa uma segunda tarefa: retirar o animal do local. Os caçadores calculam que a porca abatida pese mais de 100 quilos. Em equipe, eles carregam o javali até a caminhonete, em um trabalho que demora quase meia hora.

Além de cansativa, o trabalho de caça custa caro. “Se a gente colocar na ponta do lápis, desde a compra dos animais, o custo diário de manutenção e equipamentos, acredito que não saia por menos de R$ 1 mil por porco abatido”, disse Mário.

A carne do animal abatido não pode ser vendida e o caçador pode consumir o produto na fazenda ou queimar a carcaça. “É importante ressaltar que o Ibama alerta e temos essa consciência de que não é uma carne própria para o consumo. Ela pode ter doenças e não tem inspeção, mas, como ninguém pode proibir de comer um pedaço de pau ou um caco de vidro, também não pode proibir de comer um porco. Nós não podemos transportar e não podemos comercializar, mas consumir nós podemos e vamos, pois com tanta gente no mundo passando fome, eu não tenho coragem de queimar uma carne dessa”, finalizou Mário Knichalla.

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