Enquanto o produtor brasileiro sofre com a insegurança no campo, o fazendeiro norte-americano Kenneth Lunt, do estado de Iowa, nos Estados Unidos, está há 42 anos na propriedade e garante que nunca sofreu nas mãos de criminosos, nem teve nada furtado ou roubado. A presença de um xerife e força policial a 32 quilômetros (cerca de 20 milhas) explica essa realidade. “Temos, provavelmente, uns quatro ou cinco policiais o tempo todo. Você disca e chega alguém aqui em 15 minutos; se for no meio da noite, talvez 20 minutos, no máximo. Criminalidade não é um problema”, afirma Lunt.
Em visita a propriedades rurais norte-americanas, a reportagem do Canal Rural também encontrou outra grande diferença entre a realidades do agro nos EUA e no Brasil: a logística de escoamento. Enquanto o produtor brasileiro se ressente de péssimas condições das rodovias, ausência quase completa de ferrovias e filas nos portos, Lunt conta com asfalto rente à sede da propriedade e um terminal ferroviário a 40 quilômetros – ele estima em 30 minutos o tempo gasto para ir até lá. Ao ser questionado sobre a média nos EUA, ele disse que não é superior a 80 quilômetros ou 50 milhas.
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“Temos bastante malha ferroviária e estamos sempre a 3 ou 4 milhas (de 5 a 6,5 km, aproximadamente) de uma rodovia pavimentada, asfaltada. Há também algumas estradinhas pequenas com cascalho, mas são bem cuidadas”, diz o agricultor americano.
No Brasil, um novo defensivo pode levar até dez anos para ser registrado. Para o produtor norte-americano, o acesso é bem mais fácil, basta respeitar o meio ambiente. “Existe uma certa restrição: tenho que estar licenciado para aplicar. Eles também comparam a quantidade adquirida com os acres que tenho. Pode haver alguns problemas, mas se você aplicar demais, isso vai voltar para te assombrar”, conta. Além disso, ele nunca enfrentou problemas para ter acesso a um agroquímico específico.
Outro lado
Durante um sobrevoo aos estados de Illinois e Iowa, é difícil encontrar áreas de preservação ambiental. Em alguns pontos, mesmo a mata ciliar foi desrespeitada, colocando em risco a integridade dos rios. No Brasil, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 66% das florestas nativas estão preservadas. Mesmo com todos os empecilhos de infraestrutura e burocracia, o agricultor brasileiro se mostra competitivo de forma sustentável.