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Agro abre espaço para que as mulheres brilhem

Conheça a pesquisadora da Embrapa que faz o país economizar US$ 12 bi por ano e a executiva que lidera a área rural de um dos mais importantes bancos do agronegócio brasileiro

Fonte: Reprodução/Canal Rural

Nos últimos seis anos, a remuneração das mulheres no agronegócio cresceu quase 5% em relação à dos homens. Hoje elas ocupam um terço dos postos de trabalho no setor. No Dia Internacional da Mulher, nossa equipe foi conhecer mulheres que se destacam num setor predominantemente masculino.

Dedicação é a palavra que melhor define a pesquisadora Mariangela Hungria. Ela vive para o agronegócio há muitos anos. E a jornada entre laboratório e trabalhos de campo fez a diferença para o setor. O trabalho de fixação de nitrogênio na cultura da soja, desenvolvido pela pesquisadora, gera economia de quase US$ 12 bilhões por ano.

“Na época em que eu me formei e que estava estudando, havia poucas mulheres. Nos primeiros congressos que eu fui, éramos 2% ou 3%. Isso foi mudando com o tempo. Hoje, com muita alegria, vejo nos congressos 40%, 50% de mulheres. Temos mulheres no campo, assistência técnica, pesquisa, em todos os locais”, diz ela, que é pesquisadora da Embrapa.

E mudou mesmo. Hoje as mulheres representam um terço da população que trabalha no agronegócio brasileiro. São pessoas como a Fabiana Alves, diretora executiva do Rural Bank, que encontrou no campo a possibilidade de unir duas paixões: as finanças e a agropecuária. Hoje, a engenheira agrônoma é diretora da área rural de um dos mais importantes bancos do setor. Para ela, a versatilidade feminina faz toda a diferença no trabalho.

“Eu acho que a intuição, a capacidade de lidar com muitos fatores e muitas atividades ao mesmo tempo e, claro, sensibilidade são características tipicamente femininas e que contribuem muito em um negócio que é cheio de fatores imponderáveis”, afirma a executiva.

Apesar do aumento da presença feminina no setor, as mulheres recebem o equivalente a 78,3% da remuneração paga aos homens. Na média Brasil, esse diferencial é maior, chega a 76,2%. Em alguns segmentos do agronegócio, como insumos e pecuária, a diferença é menor, 17% e 1% .

“Você vai ter um homogeneidade maior nas atividades da pecuária do que nos demais segmentos do agronegócio. Se a gente for pensar nos serviços associados ao agronegócio, você tem uma variabilidade muito grande de serviços. Na pecuária é um grupo bem menor de atividades. Além disso, a gente está falando de remuneração não só de salário e o valor da arroba do boi vendido por uma mulher ou por um homem praticamente não tem diferença”, afirma Felipe Serigati, professor da FGV Agro.

E essa diferença deve ser cada vez menor no agronegócio. Prova disso é que, entre 2012 e 2017, a remuneração das mulheres aumentou 4,5% a mais do que a dos homens. Já em relação à média Brasil, que abrange todos os setores da economia, a receita delas cresceu quase duas vezes mais que a dos homens.

Para o pesquisador da FGV Agro, um dos fatores que explica o aumento dos salários femininos é que, entre 2012 e 2017, as contratações informais de mulheres no agronegócio caiu cerca de 5% ao ano.

“Como é que o agro conseguiu fazer com que a remuneração média aumentasse na velocidade maior que a economia brasileira? Justamente porque melhorou a qualificação da mão de obra, incorporou mais tecnologia e liberou aquela mão de obra que estava ocupada em atividades mais simples, com remuneração inferior. A gente observou esse processo com intensidade ainda maior entre as mulheres”, diz o pesquisador da FGV Agro.

“A minha dica para as mulheres é que elas busquem igualdade de oportunidades, demonstrando como elas podem adicionar valor, nunca tentando copiar ou ter um perfil masculino. Eu acho que a grande beleza é as mulheres poderem trazer suas características mais típicas e adicionar aquilo que já existe em termos de competência”, diz Fabiana Alves, do Rural Bank.

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