Em meio à crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus, o Banco Central diminuiu os juros básicos da economia pela nona vez seguida. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic para 2% ao ano, com corte de 0,25 ponto percentual. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
Com a decisão desta quarta-feira, 5, a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018, só voltando a ser reduzida em julho de 2019.
Para o comentarista Alexandre Garcia, é preciso entender o que, na prática, significa essa taxa de juros tão baixa. “A inflação está lá embaixo, puxa para baixo essa taxa básica, que teoricamente baixaria os juros. Baixa, na realidade, no interbancário, nos papéis do endividamento público, fazendo com que não se compense mais aplicar com com juros. No entanto, eu duvido que vamos pagar menos juros, pois os bancos devem estar de olho em uma futura inadimplência provocada pela pandemia em muitas atividades”, alertou.
Segundo Garcia, a inadimplência será um componente importante para manter as taxas de juros cobradas em um nível não tão baixo como o da Selic. “Apesar disso, temos um lado bom: a bolsa passou dos 100 mil pontos outra vez, justamente porque as pessoas estão aplicando em papéis no mercado secundário, que é a bolsa. Que estimula o investimento”, disse.
Segundo o comentarista, neste momento é mais rentável investir em papéis e empresas do que deixar o dinheiro rendendo à base de juros, ao contrário de outros anos, onde o investimento tinha um retorno menos atraente do que as altas taxas de juros.
“A atividade produtiva vai recebendo mais investimento, e é vantagem para quem está integrado nesses setores. A cadeia produtiva do agro é muito ampla, e está mais suscetível a receber mais investimentos, graças aos juros que já não estão mais tão altos”, completou.