Agricultura

Alimentos: redução de imposto de importação é pouco eficaz, afirmam entidades

De acordo com representantes do agronegócio, medida pode, inclusive, elevar custos e desestimular produção nacional

A redução de 10% nas alíquotas do imposto de importação sobre vários produtos – entre eles, alimentos como arroz, feijão e carnes – anunciada pelo governo nesta semana, será pouco eficaz como estratégia para diminuir impactos decorrentes da pandemia e da guerra na Ucrânia, de acordo com entidades ligadas ao agronegócio. Há quem sustente, inclusive, que, apesar de bem intencionada, a medida pode elevar os custos e desestimular a produção nacional.

Em nota, a Federação da Agricultura e Pecuária de São Paulo (Faesp) disse que o governo federal deve analisar medidas capazes de reduzir as atuais pressões inflacionárias. “[Porém], Antes de pensar em diminuir impostos dos importados, valeria a pena reduzir os custos tributários que recaem sobre os produtos brasileiros”, traz o texto.

Por sua vez, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e o Sindicato da Indústria de Arroz de Pelotas (RS) emitiram nota conjunta na qual reconhecem que a redução de imposto, com vigência até 31 de dezembro de 2023, tem como objetivo contribuir para o barateamento de bens importados. Isso beneficiaria diretamente a população e as empresas que consomem esses insumos em seu processo produtivo. No entanto, ressaltam que o arroz não vem se revelando “produto apto a contribuir com o aumento do processo inflacionário que vem corroendo o poder de compra do consumidor brasileiro, sendo, inclusive, produto da cadeia alimentar que vem demonstrando deflação nos últimos meses”.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), outras alternativas deveriam ser avaliadas, como reforma tributária e melhorias logísticas.

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, afirma que a medida proposta é pouco eficaz e estéril do ponto de vista do consumidor. “O Brasil é o maior exportador líquido de alimentos do mundo; logo, não tem de onde tirar produto para trazer. Será igual às retiradas de TEC do milho, que fizeram duas vezes e não aconteceu nada”, relata.

Da Luz entende que a melhor forma de o governo atuar é por meio da abertura do mercado de fertilizantes, produtos químicos, máquinas e peças, para que o agricultor possa reduzir seus custos de produção.”Se pudermos comprar livremente no Mercosul, já conseguimos baixar bastante o custo. Isso me parece que funcionará bem, ao contrário da medida anunciada”, disse.

arroz e feijão alimentos cesta básica
Foto: Pixabay