Passada a ceia de Natal, o consumidor se volta para a preparação do réveillon. Com menos dinheiro no bolso, o brasileiro tem recorrido à criatividade para não deixar de receber com muito sabor o ano que está chegando.
Mais tradicional espaço gastronômico da cidade, o Mercado Municipal de São Paulo estava bem movimentado nos últimos dias do ano. Apesar da agitação era comum encontrar consumidores se perguntando o que deve ficar fora da ceia deste ano.
A auxiliar de cozinha Eurides Bispo da Silva diz que vai ficar sem o churrasco de todo ano. “Vou substituir por petiscos de vários tipos”, diz ela.
A professora Celiana Soares da Silva também vai dispensar a carne. Só que no caso dela é o pernil de porco: “Está muito caro”.
Habituado a lidar com números, o contador José Carlos de Martino pretende substituir o bacalhau de todos os anos por alguma iguaria mais em conta.
O bacalhau é um bom exemplo de que o brasileiro está assustado com os preços de alguns produtos. Em 12 meses, o bacalhau do porto, o mais procurado nesta época do ano, saltou de R$ 49 para R$ 60 o quilo.
“Eles chegam aqui e se espantam. Eu explico que o dólar tem aumentado e o bacalhau subiu. E o pessoal prefere não levar ou pegar uma quantidade menor que no ano passado”, diz o comerciante Roger Ferreira.
Entre outras carnes tradicionais nas ceias, como pernil, leitão e os cortes bovinos, a variação de preços foi pequena em relação ao mesmo período do ano passado. Mas aí o problema é o fato de o consumidor estar com pouco dinheiro no bolso.
“Eu mantive os preços do ano passado. O leitão, que é um dos produtos que vende mais na minha loja, até diminuiu de preço. No ano passado foi vendido a R$ 34 e agora está a R$ 32 o quilo”, diz o comerciante José da Silva Gaspar.
Apesar do aperto, o consumidor tem resistido a substituir as frutas mais tradicionais da ceia de Ano Novo. É o caso da cereja. Com os preços mais altos, a opção tem sido ficar atento à balança e reduzir a quantidade da compra.
Foi a opção da professora Valéria Carreira Nascimento, que levou o suficiente para decorar a mesa e compartilhar um pouquinho com toda família: “A ceia deste ano vão der de ser mais magrinha”.
No ano passado, nesta mesma época, a cereja – campeã entre as mais procuradas – estava sendo vendida a R$ 50 o quilo. Agora não sai por menos de R$ 60.
O morango americano também disparou de R$ 69 para R$ 80 o quilo. Já a lichia, considerada a menina dos olhos das ceias de fim de ano, era comercializada a R$ 15 o quilo em 2014. Hoje o consumidor está pagando o dobro.
“Normal, né? Final do ano sempre sobe um pouquinho, mas esse ano ficou um pouco mais caro por causa do índice do dólar”, diz o comerciante Elias da Silva Ribeiro.