O aumento da cobrança de PIS/Cofins para combustíveis, anunciada pelo governo na última semana, já deixou o frete até 4% mais caro em Mato Grosso. Com isso, o produtor rural do estado vai enfrentar uma dupla perda: além de pagar mais pelo diesel durante a colheita em curso, ainda vai receber menos pela saca de grãos, com o aumento dos custos.
O impacto da elevação da carga tributária sobre os custos de produção está sendo avaliado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O superintendente da entidade, Daniel Latorraca, afirma que o milho que está sendo colhido no estado já sofre pressão pela grande safra, e o aumento no valor do frete só agrava o problema. Ele lembra que os produtores locais já venderam 67% da safra. “Mas a gente tem esses 33% a serem comercializados, que ainda procuram por armazém para se encaixar, e, agora, podendo receber menos ainda”, diz.
Em plena colheita de milho, o produtor e presidente do Sindicato Rural de Jaciara, Ereno Giacomelli, diz que terá que refazer o planejamento da safra com a alta de impostos, e já sabe que a rentabilidade vai cair. Ele conta que o consumo anual de óleo diesel na propriedade está em torno de 110 mil litros.
“Para encher meu tanque pequeno, de 10 mil litros, vou precisar de até mais R$ 2,6 mil a cada dez dias. Esse valor é o salário de um funcionário ou um rancho que você poderia fazer para a cantina da propriedade”, compara.
Giacomelli se pergunta se o governo tomou a iniciativa de aumentar impostos sobre combustíveis para cobrir o rombo que ele próprio criou, atingindo, assim, a agricultura e toda a população. “Se ele subir o óleo diesel, o frete vai subir, aí o que vai chegar no mercado para consumir vai subir também, vai ficar mais caro. Eu não sei em que ele (o governo) se baseia para isso”, diz.