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Ano eleitoral deve trazer instabilidade para o dólar

Após recuperação da economia em 2017, o cenário político pode gerar volatilidade para a moeda norte-americana; não se descarta a possibilidade do câmbio chegar a R$ 3,50

Fonte: Agência Brasil/Divulgação

O ano de 2017 foi considerado por especialistas um momento de recuperação da economia brasileira. Indicadores como inflação, juros, e produto interno bruto (PIB) melhoraram no decorrer dos meses.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, divulgado em novembro registrou inflação de 2,5% no acumulado de 2017. No mesmo período de 2016, o índice estava em quase 6%. Esse recuo estimulou também a redução dos juros.

A taxa básica de juros, a Selic, que é referência no país, começou o ano passado em 13,75% ao ano, mas conforme os juros foram caindo através das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o número chegou a fechar o 2017 em 7% ao ano.

De acordo com o economista do Centro Estudos em Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Felippe Serigatti, o Brasil teve resultados razoáveis em diversos indicadores. “A produção industrial cresceu, o mercado varejista também, inflação está lá em baixo, assim como a taxa de juros. A combinação de todas estas variáveis tem feito a economia brasileira crescer por três trimestres consecutivos”, explicou.

PIB
Em 2017, o produto interno Bruto (PIB) se recuperou. Nos três trimestres, de janeiro a setembro, o PIB subiu 0,6% em comparação com o mesmo período de 2016. Isso significa, tecnicamente, a saída da recessão econômica.  

O resultado do quarto trimestre de 2017 ainda não foi divulgado, mas a projeção do relatório Focus, que é publicado semanalmente com as previsões de cerca de cem analistas financeiros sobre diversos indicadores da economia brasileira, indica que o PIB do ano passado cresça 1%

PIB da Agropecuária
Já o PIB da agropecuária teve alta expressiva de 14,5% nos três trimestres em comparação com o mesmo período de 2016. A grande safra do ano passado contribuiu para o resultado positivo do setor.

No entanto, alguns analistas ressaltam que estes números nem sempre retratam a realidade do agricultor. “O produtor pegou um dólar mais alto quando estava comprando os insumos e encontrou o dólar mais baixo quando estava colocando o seu produto pra vender no mercado. Como se não bastasse o dólar, a super safra que pra economia brasileira foi sensacional, para o produtor a quantidade ofertada maior deprimiu preço”, afirmou Serigatti.

Segundo ele, a margem dos produtores não ficou confortável e uma parte do bom resultado quem pagou a conta foi o produtor.

Dólar
Para o dólar, o ano foi de volatilidade. A cotação da moeda norte-americana variou entre R$ 3,05 e R$ 3,39. No ano, a alta acumulada foi de 2%, com o fechamento de R$ 3,31. Havia certa expectativa se a conduta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse em janeiro de 2017, poderia aumentar a oscilação do dólar, o que de fato não aconteceu.

“Foi diminuindo esta percepção de que o Trump conseguiria colocar em prática tudo que ele falava, e realmente ele não conseguiu. O dólar que subiu muito no início do ano, depois da posse foi perdendo força, inclusive se acomodando ao longo do ano. Então, neste sentido as coisas acabaram se encaminhando relativamente tranquilas sem grandes sustos para o mercado ao longo do ano”, disse o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos.

Perspectiva
A expectativa para a economia brasileira é que não haja grande mudança na taxa de juros. A pesquisa Focus indica que a média para a taxa Selic fique em 6,75% ao ano.

Para o IPCA, o esperado  é que a inflação fique em cerca de 4% em 2018, lembrando que a meta do Banco Central é de inflação entre 3% e 6% neste ano.

Já o PIB deve ter uma alta consistente e é estimado com alta de 2,7% em 2018. No entanto, os especialistas concordam que a eleição presidencial deve trazer maior instabilidade para o mercado brasileiro.

Um dos ítens mais sensíveis ao andamento da política é o dólar. O relatório Focus projeta uma cotação média em R$ 3,32, mas não são descartados repiques no valor da moeda norte-americana.

“O mais provável é termos um ano de muita volatilidade. Ou seja, um aumento consistente da instabilidade na taxa de câmbio, que pode oscilar de forma bem abrupta principalmente quando o tema eleitoral entrar no radar. Não seria uma surpresa ao longo do ano, meados do ano com um câmbio oscilando perto de 3,50”, disse Campos.

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