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Após 15 anos de espera, cachaça vira produto exclusivo do Brasil

Para se adequar às regras, a aguardente de cana precisa ter graduação alcoólica entre 38% e 48% e os estabelecimentos que desenvolvem o produto devem ser fiscalizados

Fonte: Pixabay

Assim como a tequila, no México, e o champagne, na França, agora os produtores de cachaça do Brasil têm regras a seguir se quiserem usar o termo para nomear a bebida que produzem. A expectativa é de que as exportações da cachaça tripliquem nos próximos cinco anos com a iniciativa.

A Indicação Geográfica, que reconhece a cachaça como produto genuinamente brasileiro, saiu do papel depois de 15 anos de espera. Para se adequar às regras, a aguardente de cana precisa ter graduação alcoólica entre 38% e 48% e os estabelecimentos que desenvolvem o produto devem ser fiscalizados pelo Ministério da Agricultura a cada dois anos para quem vende para o mercado interno e uma vez por ano para quem exporta.

“A partir do momento que você tem o regulamento de uso, você tem como negociar com outros parceiros comerciais do Brasil o reconhecimento dessa indicação geográfica. Quando a indicação é reconhecida por outros países, só a cachaça proveniente do Brasil é que pode ser chamada cachaça, então isso aumenta a agregação de valor ao produto”, disse Odilon Silva, secretário de relações internacionais do Ministério da Agricultura.

Para o produtor de cachaça Galeno Monte, que produz 300 mil litros de cachaça por ano e exposta 95% desse volume, o marco regulatório vai ajudar a abrir novos mercados. “O comprador vê o país como uma nação que tem uma normatização para sua produção. Não é produzido em qualquer situação, em qualquer local. Há um planejamento e o país, quando ele recebe aquele produto, sabe muito bem o que ele está comprando porque há uma responsabilidade do governo em certificar”, disse Galeano, que produz uma cachaça orgânica com diversas premiações internacionais.

Para o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça, Carlos Lima, a regulamentação aprovada não é a ideal, mas traz avanços. A principal vantagem, segundo ele, é ter proteção no mercado europeu, que é o mais forte no mundo quando o assunto é bebida destilada. O Brasil exporta quase oito milhões de litros de cachaça por ano e, somente a Alemanha, compra 27% do total.

“Eu acho que o principal avanço que a gente tem quando um bem é reconhecido como exclusivo do Brasil é a proteção o valor imaterial. Quanto vale a denominação cachaça pro Brasil? Então, o grande ganho que a gente tem é que somente os produtores brasileiros na comunidade europeia poderão fazer uso dessa denominação”, concluiu Lima.

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