Prestes a iniciar uma colheita farta, que começa em fevereiro, os produrores de arroz brasileiros estão contentes, mas de olho no preço. E a tarefa número um de entidades e governo será buscar mecanismos de comercialização, como a venda para outros países.
Muitos rizicultores preferem “esquecer” a última safra do cereal. O excesso de chuva trouxe quebra de 16% na produção. Para este ciclo, a expectativa de normalidade no clima prometia uma safra cheia, mas o cenário foi alterado em outubro.
De acordo com o vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Azevedo Velho, eventos climáticos atrasaram o plantio. “Tínhamos uma expectativa de uma super safra. Hoje, o que se tem é certeza de uma safra dentro da normalidade no estado”, afirma.
O cenário significa que o Brasil vai produzir 8,4 milhões de toneladas nesta temporada. O crescimento de área foi tímido (apenas 3%), e alcançou 1,09 mil hectares. O produtor Luis Carlos Machado está feliz com a produção deste ano, tanto que plantou mais e espera colher 8,5 mil kg por hectare. Até uma máquina que trata sementes ele comprou.
“Tive que me adequar ao que o cliente estava pedindo, que era entregar a semente. Assim, colocamos tratamento de semente industrial, para que o produtor não trate mais na sua lavoura: recebe a sementejá tratada e simplesmente planta”, afirma.
Se depender do empenho dos agricultores, a produção de arroz vai ser melhor nesta safra, mas o receio fica por conta do preço pago pela saca. Dos atuais R$ 48, o valor pode chegar a R$ 42 na hora da colheita, o que não cobriria o custo de produção, que é de R$ 44 a saca. A alternativa que o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) busca é exportar para garantir uma pressão de alta nas cotações.
“Estamos em contato com o pessoal da Rússia. Também tem o pessoal do México, Peru. Já exportamos bastante. O nosso foco de fato é auxiliar com que as nossas indústrias e produtores consigam exportar mais”, diz o presidente do Irga, Guinter Frantz.
O produtor também quer mais incentivo para exportação. “O governo federal tem que nos incentivar e nos ajudar de alguma forma, com mecanismo, com exportação para nos compensar essa relação com o Mercosul. Então, a gente não pode nunca deixar de buscar isso, porque temos quantidade e qualidade no Rio Grande do Sul comparáveis a países de primeiro mundo”, comenta Luis Carlos Machado.
Passada a colheita que começa em fevereiro, o setor já passa a planejar a próxima safra. Em primeiro lugar na lista de prioridades está a busca por mecanismos de comercialização.
“O que se quer é um governo que mantenha os financiamentos e flexibilize um pouco a tomada de crédito. É muito importante para o produtor ter acesso ao crédito oficial”, analisa Alexandre Azevedo Velho, vice-presidente da Federarroz.
Uma novidade é que os produtores vão ter mais segurança para plantar na próxima temporada. Eles terão a opção de contratar um seguro privado. No modelo do banco, quando ocorre um sinistro na lavoura, a instituição financeira cobre apenas o financiamento que o produtor pegou e indeniza até R$ 3 mil por hectare. O novo modelo pode indenizar até R$ 5 mil.
“Já existem seguradoras privadas que têm um modelo de seguro que, pelo menos, se aproxima da realidade da lavoura de arroz. Então, buscamos que os bancos aceitem que o produtor possa optar por este modelo de seguro que tem um custo muito parecido com o custo do modelo de seguro atualmente nos bancos”, conta Alexandre Azevedo Velho.