O calor é sempre bem-vindo para o desenvolvimento das culturas de verão, como a soja e o milho. E o clima exige cuidados especiais no manejo das lavouras. Um deles é com a pulverização. As altas temperaturas podem prejudicar o resultado da aplicação de agroquímicos.
Por isso, é indicado pulverizar quando a temperatura estiver abaixo dos 30 graus. O vento forte deve ser evitado, no máximo entre 3 km/h e 10 km/h. E a umidade precisa ser alta, acima dos 50%.
“Se fizer uma aplicação com uma temperatura muito alta ou com uma umidade muito baixa, tenho maior chance de as gotas evaporarem e não vai atingirem o alvo. Assim, o fungicida, herbicida ou inseticida não vão funcionar direito. Ou posso causar dano ambiental”, diz Ulisses Antuniassi, professor da Unesp de Botucatu (SP).
A escolha do bico do pulverizador é outro fator fundamental para o sucesso da aplicação. Dependendo do produto e do estágio da lavoura, podem ser indicadas gotas mais finas ou mais grossas. Mas atenção: as gotas finas podem evaporar ou serem levadas pelo vento com mais facilidade.
“A gente deve dar preferência a essas gotas maiores por uma questão de segurança básica. Mas tem circunstâncias em que essas gotas são muito eficientes, mesmo sendo maiores. Muito típico pra alguns tipos de herbicida, que não precisam de gotas finas. As gotas grossas tornam a aplicação mais segura, mais responsável, mais eficiente do ponto de vista ambiental”, afirma Antuniassi.
Em um dia de chuva, não dá pra fazer a aplicação na lavoura. Nem em árvores maiores, como pessegueiros, nem em plantações mais baixas, como é o caso da soja. E aí surge outra questão: quanto tempo antes e quanto tempo depois da chuva é possível fazer a aplicação dos produtos sem que eles percam a eficiência?
“Se vai chover num período mínimo de duas horas, não devemos aplicar. Se vai chover depois de duas horas, talvez possa aplicar. O intervalo mínimo entre a aplicação e a chuva varia de produto pra produto. Muitos produtos são lavados com facilidade. Você tem que ter um tempo para ele agir antes que a chuva ocorra”, ensina o professor da Unesp.
O produtor rural Sun Te Hwei era criança quando veio de Taiwan para o Brasil. Herdou do pai a profissão de agricultor. Com a experiência de décadas de trabalho, ele demonstra, de maneira prática, como saber se já dá pra pulverizar a plantação depois da chuva.
“Vai no pé, dá uma chacoalhada. Se não pingar água, aí a gente aplica. Se tiver água, espera, aguarda”, afirma o produtor.