Antes restrito a Goiás, o cultivo de grão-de-bico se expandiu para Bahia, Distrito Federal, Mato Grosso e Minas Gerais. A área plantada no Brasil cresceu mais de 1.000% em 2018, chegando a 9.000 hectares, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No ano anterior, a cultura ocupava apenas 800 hectares. Do total, 30% das lavouras são irrigadas.
A estatal realiza pesquisas voltadas à cultura no Distrito Federal. “O produtor tem um custo de produção menor quando comparado com feijão, por exemplo. Talvez 40% do gasto e com produtividade próxima, mas com preço mais atrativo”, explica o chefe-geral da unidade Hortaliças, Warley Nascimento. Além disso, o pesquisador ressalta que se trata de uma ótima alternativa por ser um produto mais rústico,“ com menos ataque de pragas e doenças”.
Pioneiro no cultivo, o produtor rural Osmar Artiaga vê o grão-de-bico como a melhor alternativa para rotação de culturas no Cerrado. “Entra como opção diferente porque é commodity, consumida no mundo inteiro, e não é um produto local”, explica.
A empresa que o engenheiro agrícola Alex Luviseto gerencia produz sementes e pretende aumentar o cultivo em Mato Grosso para 10 mil hectares. “A gente vê que é uma cultura com grande demanda interna e externa”, conta.
Isso não é problema para o agricultor Rafael Coimbra, que apostou no plantio orgânico, no interior de São Paulo. “Recebemos 10 quilos de semente da BRS Alepo para teste; deu super certo. Graças a Deus, larguei a publicidade e vivo totalmente da produção”, comemora.
Valores não batem
Para atrair mais produtores e ampliar o consumo, Osmar Artiaga afirma que é preciso diminuir a diferença de preços entre o que o agricultor recebe e o que o consumidor paga nos supermercados. Segundo ele, o produtor ganha entre R$ 3 e R$ 3,50 por quilo e na gôndola está algo em torno de R$ 8 a R$ 10 meio quilo.
“O produtor gasta com energia elétrica, estrutura física e petróleo. Não tem porque sair da porteira e valer oito vezes mais”, reclama Artiaga.