A área plantada de feijão no Brasil vem diminuindo consideravelmente nas últimas quatro décadas, e, neste ano, devem ser plantados 890 mil hectares, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a menor área cultivada com o grão desde 1976.
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A projeção da Conab representa a menor área de cultivo já registrada em toda a história desde que a pesquisa da companhia iniciou em 1976, quando as lavouras tinham 1,582 milhão de hectares. Na década de 1980, por exemplo, as áreas passavam de 2 milhões de hectares.
“A gente vem plantando cada ano uma área menor. Do ano passado para cá, temos 8% a menos. Tem diminuído a área plantada, e não temos incentivo para plantar feijão. Mesmo assim, o produtor deve investir no feijão, pois a perspectiva é boa durante o ano”, destaca o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders.
Por mês, a população brasileira consome 223 mil toneladas de feijão, segundo o Ibrafe, quantidade que poderá faltar a partir de março.
“Nós não temos feijão para chegar até maio. Não adianta chegar no fim do ano com 3 milhões de toneladas se você passou seis meses oferecendo menos feijão do que a população consumiria. Muito se fala sobre queda de consumo de feijão, mas o problema não é queda de consumo e sim queda de oferta”, avalia o presidente do Ibrafe.
O balanço de oferta e demanda feito pela Conab entre os anos de 2019 a 2022 aponta queda de consumo, de 3,15 milhões de toneladas em 2020 para 2,9 milhões de toneladas em 2021, número que se mantém em 2022.
No Paraná, a área plantada nesta primeira safra é de 141 mil hectares; na safra de 2019/2020 foram 152 mil hectares, redução de 8% .
“As lavouras, principalmente de agricultura familiar, estão reduzindo bastante principalmente o feijão e a mandioca. São culturas que demandam mão de obra e com a valorização da soja e do milho, o feijão está perdendo área para essas duas culturas”, diz o economista do Deral, Methodio Groxko.
O quarto levantamento de produção nacional emitido pela Conab prevê 988,4 mil toneladas de feijão na primeira safra, cerca de 6% a menos que a estimativa inicial, que era de 1,05 milhão de toneladas.
Já a estimativa inicial calculada pelo Ibrafe era de 990 mil toneladas. Agora, o número atualizado considerando a quebra é de 794 mil toneladas.