A safra de arroz 2015/16 deve ser 12% menor na comparação com a safra anterior. Esta é a estimativa desta terça, dia 1º, em função do atraso no plantio e das chuvas que prejudicaram o florescimento das lavouras. Além dessas dificuldades, e o preço pago pelo grão é praticamente o mesmo valor do custo de produção. Para tentar equilibrar a situação, o setor pede ajuda ao governo federal para a comercialização.
No maior estado produtor de arroz do país, o Rio Grande do Sul, o plantio continua. Devido às chuvas, 20% das lavouras ainda não foram semeadas. Além da redução na área cultivada, hoje estimada em 1,04 milhão de hectares, o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) tem certeza de perda na produtividade.
“Nós estamos num processo de perspectiva de redução de 12,5% em relação à safra passada, na qual produzimos 8,7 milhões de toneladas de arroz. A expectativa é de chegar a 7,7 ou 7,6 milhões de toneladas neste ano. O comportamento do clima de janeiro a março é que vai nos dizer se vamos conseguir recuperar algo”, diz Maurício Miguel Fischer, diretor-técnico do Irga.
Os produtores também estão preocupados com o custo da energia elétrica, que subiu mais de 100% nos últimos dois anos. Só a bandeira vermelha – tributação mais elevada em regiões ou situações em que é mais caro levar a energia até o usuário – representa R$ 2 a mais no custo da saca de arroz. Para amenizar a carga sobre o produtor, a expectativa é a aprovação da medida provisória 688, que passou pela Câmara dos Deputados e agora está no Senado. A medida isenta a agricultura irrigada dessa tarifa.
“É escandalosa a influência da energia elétrica na cultura irrigada do país. Entretanto, temos esperança de que, com a votação dos deputados e senadores, vamos conseguir a isenção da agricultura irrigada da bandeira vermelha. Nós pedimos que a presidente tenha sensibilidade, que faça a sanção dessa lei e retire a bandeira tarifária desse produto, que é básico”, afirma Henrique Dornelles, presidente da Federarroz.
Com o custo de produção em R$ 40 a saca, quase o mesmo valor do preço pago ao produtor, a preocupação agora já é com a comercialização. Por isso os produtores estão pedindo à ministra da Agricultura que reserve recursos para que os agricultores possam quitar as suas dívidas, mas manter o arroz em estoque à espera de melhores preços.
O presidente da Câmara Setorial do Arroz explica que o ideal é o governo disponibilizar verbas do FEPM (Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários Integrantes da Política Geral de Preços Mínimos). Em ano de cortes no orçamento, a saída seria realocar recursos de outras pastas que não precisem dessa ajuda.
“Com o custo de produção muito alto e o arroz sendo produto da cesta básica, não podemos colocar o preço real na gôndola porque causaria um problema na mesa do brasileiro. O governo vai ter de desenvolver uma engenharia de colocar recursos no nosso bolso e, ao mesmo tempo, não deixar o produto disparar no varejo. Nós esperamos que o governo tenha a sensatez de fazer esse equilíbrio. Nós precisamos ganhar alguma coisa”, diz Francisco Schardong, presidente da Câmara Setorial do Arroz.