O arroz é a cultura mais afetada pelo aumento dos impostos dos combustíveis, pois a safra já tem um custo de produção alto e vai ficar mais de R$ 55 milhões mais cara. A expectativa é de que cara produtor tenha que desembolsar R$ 51 a mais por hectare nesta temporada e a orientação para quem quer se manter na atividade é cortar os gastos e reduzir a área plantada.
O produtor rural Luiz Machado cultiva arroz no litoral norte do Rio Grande do Sul e percebeu, com o aumento, que será um dos muitos brasileiros que vão ajudar a pagar R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos. “A lavoura arrozeira gaúcha já está com movimento repensando custos, já que sua renda está praticamente zerada na atividade. O momento é muito complicado, principalmente com esse aumento de custos no agronegócio”, falou.
Dos R$ 10 bilhões que o governo federal quer arrecadar por meio do aumento de impostos, 35% vai vir do agronegócio. Desse percentual, quase metade virá das áreas plantadas de grãos. Com o aumento dos combustíveis, Luiz já fez as contas e prevê o gasto de R$ 8 mil por safra apenas com o aumento do óleo diesel. “Uma das iniciativas é reduzir um percentual da área, consequentemente reduzindo o uso das máquinas”, disse o produtor.
Em uma pesquisa rápida nos postos da região, ele constatou que o preço do litro passa dos R$ 2,90. Junto, vem o aumento do frete, que também ficou mais caro na região. “Um frete que chegou há pouco, que antes custava R$ 250, já passou para R$ 280, por causa da alta no diesel.”
Com essas alterações nos preços, o arroz se torna a cultura de grãos mais impactada por hectare, já que todos os processos dependem do combustível para acontecer e o gasto com óleo diesel chega a 26 mil litros por safra.
De acordo com o economista chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, apenas a safra de arroz vai ter aumento de custo na ordem dos R$ 56 milhões. “Não deveria nem haver incidência de PIS/Cofins para o agricultor, porque não faz o mínimo sentido. É produção, não é consumo, deve ter esse tipo de tributação lá no fim da ponta”, disse.
Para o próximo ciclo de arroz, algumas entidades já acreditam em redução de área plantada também em função do aumento no combustível. Assim, o cultivo pode ficar difícil para alguns produtores.