A colheita de arroz no Rio Grande do Sul começa em clima de instabilidade. O motivo é a pouca ou quase nenhuma margem do agricultor. Durante a Abertura Oficial da Colheita, evento realizado no município gaúcho de Cachoeirinha que marcou o início dos trabalhos de campo, representantes do setor e do governo discutiram soluções para o futuro da atividade.
O rio estado deve colher mais de 7 milhões de toneladas de arroz nos próximos meses. Mas a rizicultura precisa urgentemente de saídas para que a produção se transforme em renda, o que hoje não acontece. Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz), Henrique Dornelles, a concorrência com o produto que vem do Mercosul é um dos motivos. A primeira questão a ser tratada, diz ele, é a que diz respeito às fiscalizações de fronteira, que não estariam sendo efetuadas pelo Ministério da Agricultura.
O secretário de Agricultura do estado, Ernani Polo, afirma que essa questão vem sendo discutida com seus pares de Santa Catarina e Paraná. “Entendemos que precisamos fazer um movimento do Sul do Brasil para termos mais força e buscarmos rediscutir as regras do Mercosul”, diz.
O futuro da cadeia está no aumento das exportações do grão, de acordo com o diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Barata. Os embarques para a América Central e África vão bater recorde neste mês, com projeção de 250 mil toneladas. “(É um) Volume realmente surpreendente e com isso acumularia neste ano comercial 1,15 milhão de toneladas, o que é 350 mil toneladas a mais que os órgãos oficiais estavam projetando”, afirma o diretor.
Abertura da colheita
O evento que marca os trabalhos de colheita de arroz no Rio Grande do Sul teve a presença de produtores, lideranças e autoridades, e também foi palco de protestos de agricultores de várias regiões do estado. Durante a abertura oficial do evento, as principais lideranças do setor se reuniram com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, para pedir ajuda ao governo federal sobre as principais questões que hoje impedem o avanço e a rentabilidade do setor. Principalmente no que diz respeito à prorrogação de dívidas, pedido que foi reforçado pelo governo do estado. De acordo com o secretário Ernani Polo, essas dificuldades já deixaram muitos rizicultores sem condições de continuar na atividade e podem inviabilizar toda a produção gaúcha.
Geller se comprometeu com o setor, afirmando que vai trabalhar para conseguir o alongamento do financiamento de custeio, tanto das parcelas que foram renegociadas em 2017 quanto das que estão vencendo neste ano. “Também vamos encaminhar (proposta) para que se renegociem as prestações de investimentos, seja de máquina, seja de correção de solo, para um ano depois do vencimento do contrato, a exemplo do que foi feito no ao passado”, diz o secretário de Política Agrícola.