O transporte de arroz até o porto do Rio Grande do Sul está praticamente parado nos últimos dias por causa do impasse sobre o tabelamento do frete. Na região, o valor do transporte já aumentou mais de 40% após a greve dos caminhoneiros e produtores rurais que têm contratos de exportação para cuprir, vivem um dilema na hora de transportar o produto.
“Se pagava em torno de R$ 4 a saca para colocar em Uruguaiana, que é o local mais distante. Agora, estão falando em até R$ 6 por saca e, por causa disso, nem estamos mandando, já que inviabiliza o lucro”, disse o produtor de arroz Walter Arns.
De acordo com o assessor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Anderson Belolli, o prejuízo, inevitavelmente, tem ficado com o produtor. “Nós passamos, em alguns casos, de R$ 40 para R$ 56 por tonelada. Acreditamos que muito produtor, pela necessidade dos pagamentos e por causa dos financiamentos, está arcando com mais esse custo de produção.’
Transportadoras consultadas pelo Canal Rural afirmam que os fretes estão sendo cobrados de acordo com a tabela atual. Sendo assim, o valor por tonelada de grãos, por exemplo, está em média 50% maior. Com isso, no entanto, a saída de caminhões de algumas empresas caiu.
Em uma das transportadoras de grãos, a tonelada saía por R$ 80 e, agora, passou para R$ 118, considerando o carregamento de um caminhão bi-trem. Em outra empresa, o valor da tonelada saindo da região norte do estado até o porto de Rio Grande ficava que em R$ 75 antes da nova regra, passa dos 105 reais sem contar o pedágio.
Preocupada com o agravamento da crise do setor, a Federarroz ingressou com ação na justiça pedindo que os produtores que não pagarem o valor estipulado em tabela não sejam multados por isso. “O que nós buscamos é uma ordem judicial permitindo ao produtor que exerça a livre iniciativa, ou seja, não fique vinculado a essa tabela de preços que foi editada pelo governo federal e que fere, inclusive, princípios constitucionais”, contou Belolli.
Segundo o diretor da entidade, Cezar Gazzaneo, cada empresa está negociando o valor do frete caso a caso. “As empresas estão procurando resolver as suas situações de acordo com suas peculiaridades. As empresas que têm contrato em vigor, por exemplo, com seus fornecedores, estão conversando com para fazer com que não haja um grande prejuízo para o andamento dos trabalho e, principalmente, para o abastecimento do país inteiro.”