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Aviação civil discute qual será matéria-prima de bioquerosene

Em um futuro não muito distante, agricultores poderão se tornar fornecedores de um produto essencial para uma das maiores indústrias do mundo

Fonte: Pixabay

As companhias aéreas têm até o ano de 2020 para neutralizar as emissões de gases causadores do efeito estufa na atmosfera e,para atender à exigência válida para voos internacionais, as empresas já buscam alternativas capazes de lançar menos poluentes. A aposta da vez é o combustível feito à base de oleaginosas, que tem sido uma possibilidade discutida pelo setor.

Ao todo, a aviação é responsável por 2% do lançamento de gases causadores do efeito estufa na atmosfera, segundo a Organização Internacional de Aviação Civil. Mesmo com um percentual pequeno, o setor estuda formas de contribuir contra o avanço do aquecimento global e uma das alternativas é utilizar bioquerosene.

“No Brasil, temos grandes oportunidades em lipídios e oleaginosas. Vemos um grande potencial na soja, assim como em outros vegetais como a macaúba, que é uma palma brasileira nativa com um grande potencial de produção do bioquerosene. Além disso, ainda existe a cana-de-açúcar, que já é uma realidade industrial”, disse o assessor técnico para combustíveis renováveis da Gol Linhas Aéreas, Pedro Scorza.

A iniciativa para reduzir a emissão de gases nocivos faz parte do Renovabio, uma política de substituição de combustíveis fósseis .Já em vigor no Brasil, a nova lei obriga a mistura de 10% de biocombustível ao diesel e, para que aconteça algo semelhante na aviação, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem atuado no campo das pesquisas e viabilidade técnica para essa transformação.

“Já fizemos vários voos com bioquerosene e ficou provado que não há nenhum problema na utilização desse combustível, O ponto positivo é que essa alteração não obriga nenhuma mudança na estrutura do motor da aeronave”, disse o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Guy Capdeville.

O principal desafio para colocar a ideia em prática, agora, é tornar o custo do bioquerosene mais competitivo. O tema foi debatido, em reunião liderada pela União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene.

O setor acredita que a obrigatoriedade em diminuir o lançamento de gases poluentes na atmosfera deve ser o maior incentivo para a fabricação e o uso de bioquerosene. Empresas aéreas que não adotarem a tecnologia sustentável, no entanto, terão que comprar créditos de carbono para continuar em operação.

Para Scorza, da Gol, a adoção do bioquerosene será mais vantajosa do que a compra de crédito. Por isso, o agronegócio deve ser beneficiado pelo aumento da demanda de oleaginosas. “Só existem dois caminhos para a neutralização das emissões e a alternativa de comprar créditos de carbono no mercado não é a solução definitiva. Queremos buscar uma solução definitiva para isso”, falou

De acordo com o representante da Embrapa, existem várias matérias primas que podem suprir a demanda e, o que falta, é definir os processos economicamente viáveis.

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