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Avicultura pede ajuda do governo contra medidas antidumping da China

Setor afirma que novas tarifas podem reduzir a venda do produto ao mercado chinês e afetar o faturamento da cadeia produtiva

Foto: Canal Rural

As medidas antidumping da China aplicadas sobre as importações brasileiras de carne de frango devem piorar a situação do setor de proteína animal no Brasil. Analistas afirmam que as novas tarifas podem reduzir a venda do produto ao mercado chinês e afetar o faturamento da cadeia produtiva. Lideranças do setor querem agilidade do governo federal para reverter a decisão.

Resultado de uma investigação que começou em agosto do ano passado, as medidas entraram em vigor na última sexta-feira, dia 15.  De acordo com a indústria chinesa, os produtos brasileiros estariam sendo vendidos no mercado local abaixo do valor doméstico. Dessa forma, as importações brasileiras de carne de frango serão taxadas entre 18% e 38% sobre o valor do produto comercializado. A medida deve ser aplicada até agosto, mas pode ser prorrogada por 60 dias.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirma que a acusação não é verdadeira. Segundo ele, não há como justificar dumping sobre um setor de aves do país asiático, que estaria crescendo muito. “É impossível você comparar o preço do pé que eu pratico lá com o preço utilizado no nosso mercado, pois esse não é um produto que o brasileiro costuma comer, não há uma comercialização nacional normal como há em outras produtos para você poder fazer a comparação”, diz Santin.

De acordo com o representante da ABPA, as tarifas vão reduzir a competitividade dos produtos brasileiros. “Se eu estou vendendo um produto a US$ 2.000, digamos que na taxa média que é 20%, ele passa a custar US$ 2.400, e lógico que a indústria local fique mais competitiva e concorrentes como Argentina, Chile e se os Estados Unidos voltarem, já que estão banido da China por conta de influenza aviária, poderão vender mais barato que nós”, afirma Santin.

No ano passado, o mercado chinês foi responsável por mais de 9% das exportações brasileiras de frango. Foram enviadas ao país asiático 390 mil toneladas do produto, o que representa faturamento superior a US$ 700 milhões de dólares. Para José Carlos Hausknecht, diretor da MB Agro, a sobretaxa pode comprometer o desempenho das vendas e prejudicar ainda mais o setor, que já vem lidando com problemas há algum tempo. “São margens negativas por conta do baixo preço da carne de frango e do alto preço das rações, milho e farelo de soja, que estão em valores mais elevados, pressionados pela situação interna e desvalorização cambial”, afirma.

O setor exigem agilidade do governo federal para tentar reverter a situação. O pedido da ABPA é que a Presidência e os ministérios da Agricultura e das Relações Exteriore “trabalhem politicamente”. ”Nós também tivemos medidas positivas para China, não aplicando dumping no aço que eles exportam para o Brasil”, diz Ricardo Santin.