Na Bahia, a falta de chuvas atrapalhou o início do plantio da soja, mas com a utilização de uma palhada bem feita, alguns produtores estão garantindo uma ótima safra, já que a técnica trouxe um incremento de produtividade de até 15 sacas por hectare.
O estado da Bahia é o maior produtor de soja do nordeste. Por lá, serão colhidos mais de 5,5 milhões de toneladas nesta safra 2019/2020, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O destaque no estado é a região oeste, com os dois maiores municípios produtores do grão: Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.
A equipe do Projeto Soja Brasil pegou a estrada para visitar uma das maiores fazendas do cerrado baiano: a Triunfo. O gerente da propriedade, Gilson Baldi, contou que durante o período de plantio, faltou chuva e se não fosse o sistema de palhada bem feito, os resultados certamente seriam outros.
“Aqui tem muita palha e isso conserva muita umidade no solo. Assim sofremos menos na hora de plantar. A semeadura foi estressante, mesmo. A gente atrasou. Foi feito um plantio com pouca chuva”, diz Baldi.
A cobertura foi feita utilizando milheto, braquiárias e, ainda fazendo a famosa integração lavoura-pecuária.
“Nós plantamos o milho com braquiária. Outras regiões do país só fazem uma safrinha de milho ou outra cultura. Nós, não! Aqui na Bahia, conseguimos fazer uma safrinha de bois em cima dessa palhada. Sai o boi em outubro, dessecamos essa palhada e, ai sim entra a soja”, explica o engenheiro agrônomo, Fernando Mroginski.
Em um centro de pesquisas da região, dá para ver claramente essa diferença entre uma planta produzida com palhada e uma sem palhada. Com os mesmos tratos culturais. A planta sem palhada apresenta folhas com danos e menos desenvolvidas. Já com palhada, as folhas são mais verdes e saudáveis.
“Nós temos essa planta no sistema convencional sem palhada e outra planta aqui no sistema de plantio direto, onde tem sistema de rotação com esquema de palhada e com potencial produtivo de produzir entre 15 e 20 sacas de soja a mais por hectare, em comparação a soja produzida no sistema convencional”, aponta o pesquisador da Fundação Bahia.
Outras alternativas para palhada
Nessa região do cerrado baiano, a Embrapa vem testando também o sorgo como alternativa de cama biológica. Uma das grandes vantagens do sorgo é o sistema radicular, que melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo.
“O sorgo dá uma palhada muito boa. Dá um grão de qualidade boa. Produz em períodos com menos disponibilidade de chuva. Nós temos resultados de colher até 80 sacos de sorgo nessa região, com menos disponibilidade de água. O sistema radicular, melhora a infiltração de água e vai melhorar as características do solo para que na safra seguinte, a cultura da soja, venha a ser estabelecida numa situação de altíssima produtividade”, ressalta o pesquisador da Embrapa, Geraldo Carneiro.
Na fazenda triunfo, a expectativa é colher acima de 70 sacas por hectare e para próxima safra, a estratégia será a mesma.
“A nossa caixa d’água é a palhada e está aqui preparada para receber a água. Não vai correr para lugar nenhum, vai ficar aqui na lavoura mesmo”, diz, Baldi.