O setor de aves de corte acumula prejuízo nos primeiros meses do ano por causa do aumento do custo de produção provocado, entre outras coisas, pelo aumento do preço do milho e da soja. Os preços do frango seguem em queda com o excesso de oferta e, para piorar a situação, a cadeia ainda enfrenta desgaste com a terceira fase da Operação Carne Fraca.
Segundo levantamento feito pela consultoria MB Agro, a margem bruta das empresas do setor está, em média, 15% negativa. Segundo o analista de mercado César Castro Alves, o prejuízo se estende para toda a cadeia produtiva.
“Isso significa que o produtor está gastando mais para produzir o frango do que ele está conseguindo no mercado.É uma combinação da forte alta nos custos que são consequência do problema da Argentina, que pressionou o farelo de soja e o milho. Há também a consequência de uma ampliação da queda no frango após a questão envolvendo a BRF mais recentemente”, comentou.
No acumulado de 2018, o preço da carne de frango congelada caiu mais de 10% em são paulo. A queda nos preços é reflexo do excesso de oferta no mercado externo, já que as exportações brasileiras de carne de frango somaram 640 mil toneladas no primeiro bimestre do ano, volume 7,5% menor na comparação com o mesmo período de 2017. Já em receita, a queda foi de 13%.
“A gente acha que em curto prazo terá aumento de oferta no mercado doméstico, porque esse volume não exportado tende a ficar por aqui. A situação é ainda mais crítica no caso dos suínos, que não existe a possibilidade de parar a produção. No caso do frango, é possível ajustar mais rapidamente, mas de qualquer forma essas duas carnes devem ter aumento de oferta no mercado interno, pressionando os preços para baixo. No segundo momento, nós achamos que haverá uma recuperação”, disse César Castro Alves.
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Custo elevado
De acordo com a Scot Consultoria, o farelo de soja subiu 23% em São Paulo no acumulado do ano. Já a saca de 60 quilos do milho atingiu a marca de R$ 45 em Campinas na última terça, o que não acontecia desde agosto de 2016. Para piorar a situação , o setor de frangos precisa lidar com os impactos da terceira fase da operação carne fraca, que investiga a BRF, uma das maiores empresas do segmento.
Para o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, é preciso reconstruir a imagem do setor junto ao mercado externo. “Alguns países fizeram pequenas indagações e nós respondemos. Agora, o ministro Blairo Maggi já tem uma viagem programada de 5 a 20 de abril, quando ele vai para o Oriente Médio e Ásia para mais uma vez acalmar os mercados e dizer como nós estamos fazendo com base em dados técnicos científicos”, falou.
O presidente da entidade que representa o setor admite que o momento é delicado. “O primeiro trimestre já se foi, mas pode melhorar porque estamos fazendo um esforço para recompor a imagem e explicar bem o que aconteceu, porque a única arma que a gente tem é a transparência”, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
