O avanço da entressafra aumentou o preço do leite pago aos produtores, mas com o consumo abaixo do esperado, o valor pode voltar a cair nos próximos meses. Para se ter uma ideia, o aumento médio do produto no primeiro trimestre foi de 1,4%, o que não foi suficiente para a maioria dos produtores.
O pecuarista Edmilson Panelli, por exemplo, relata que recebia R$ 1,33 pelo litro do leite no início do ano e, agora, esse valor ficou R$ 0,05 mais caro. “Significa alguma coisa no final do mês, mas não compõe o custo, que fica bem aquém do custo real. Ele deveria pagar, atualmente, pelo menos R$ 1,48 para a gente conseguir empatar o custo da produção”, falou.
A entressafra do leite é a principal responsável pelo aumento dos preços, mas o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) alerta para a não existência de grandes altas por causa da queda no consumo.
“A indústria está com dificuldade de repassar ao aumento para o consumidor final e isso está pressionando as cotações no campo. O consumidor está com poder de compra enfraquecido e, nesse cenário de crise econômica, tendo que racionalizar mais as despesas, acaba optando por outros produtos não lácteos”, disse a analista Natália Grigol.
Com a demanda enfraquecida e matéria-prima escassa, o cenário é de incerteza para o produtor de leite. “Agora a gente tem duas forças competindo na precificação do leite ao produtor: de um lado a falta de matéria-prima por causa da entressafra e, por outro lado, o enfraquecimento da demanda. Com isso, quem vai decidir mesmo é a força do consumidor”, completou a analista.
Com o mercado incerto, a recomendação ao produtor é diminuir o custo operacional para aumentar a margem de lucro. “Isso depende bastante do controle e gerenciamento adequado da propriedade, identificar os gargalos produtivos, identificar aonde ele pode otimizar mais produtividade, os insumos que ele tem que economizar e negociar na compra deles”, finalizou Natália.