Sempre quando existe uma crise de oferta de fertilizantes químicos, surge a pergunta: os fertilizantes orgânicos podem atender essa demanda? Seria possível usar apenas bioinsumos em uma agricultura de larga escala?
Na avaliação do coordenador de produção agrícola da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ao considerar os níveis de produtividade e de desenvolvimento científico, o Brasil ainda não é capaz de conseguir o mesmo desempenho de produção agrícola a partir do uso de fertilizantes biológicos.
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“Ainda não temos avanço científico, apesar de um desejo do setor. Seria ótimo, já que a maior parte do custo de produção é dos fertilizantes, produtos inorgânicos. Se a gente tivesse esses produtos a disposição por um custo menor, poderia ser viável, mas nas condições que nós temos hoje é praticamente impossível substituir os químicos”, afirma.
Segundo o representante da CNA, é algo complexo hoje calcular a participação de bioinsumos na agricultura brasileira, mas eles vêm ganhando espaço aos poucos.
“Temos o exemplo da soja com o uso de aplicação de insumos a base de hidrogênio, que está presente em praticamente todas as propriedades. Além obviamente tem o uso de biofertilizantes orgânicos que são aqueles produtos ou co produtos que vem da produção animal. Mas é complexo calcular essa participação, porque falando de fertilizantes químicos, nós estamos falando da utilização de toneladas por hectares e quando a gente está falando de biofertilizantes principalmente, estamos falando de poucos quilos. Então essa comparação percentual é difícil de ser feita”, avalia.
Silva ainda ressalta que os fertilizantes orgânicos ganham espaço porque trazem vantagens ao produtor e ao meio ambiente.
“Quando eu deixo de utilizar as fontes de fontes químicas que tem como combustíveis fósseis no seu processo industrial, já há um ganho nos gases do efeito estufa. Também tem os ganhos econômicos por trás. Dados de cálculos feitos pela Embrapa Soja mostram que a fixação de hidrogênio economizou para os produtores brasileiros 64 bilhões de reais. Se a gente trouxer esse cálculo para 2022 e os preços de mercado dos fertilizantes nitrogenados essa economia é ainda maior”.
Por fim, o coordenador da CNA diz que o grande desafio é investir no desenvolvimento científico e tecnológico de novos biofertilizantes.
“A ciência brasileira evoluiu bastante. Nós temos muito conhecimento sobre a questão das bactérias para fixação biológica de nitrogênio. Mas a gente precisa intensificar esse desenvolvimento científico e promover a transferência dessas tecnologias aos produtores. Ao mesmo tempo, a gente tem condição de oferecer uma assistência técnica para que eles possam conduzir os trabalhos embasados na ciência e nesses novos métodos de cultivo para que possa ser usado em maior escala. Sem sombra de dúvida esse investimento pode trazer maiores ganhos para os produtores tanto economicamente, como ganhos ao meio ambiente”.