Com a queda no consumo interno e o aumento dos custos operacionais, o país deve registrar queda de até 5% no volume de animais confinados. É o que aponta a Associação Brasileira dos Confinadores.
Em 2015, o preço médio da arroba do boi magro no Triângulo Mineiro foi de R$ 150. Em janeiro deste ano, o valor teve acréscimo de 6%. Já a arroba do boi gordo, que no ano passado foi comercializada a R$ 145, caiu 4%.
Neste início de ano, o poder de compra dos confinadores está menor. A relação de troca entre a arroba do boi gordo e o milho é a pior dos últimos três anos.
Um confinamento localizado na cidade de Pirajuba, no Triângulo Mineiro, tem capacidade para engordar 10 mil bovinos por ano. Hoje, a fazenda trabalha com apenas 10% da capacidade operacional, e o pecuarista não sabe ainda quantos animais devem passar por ali em 2016.
“Nós estamos esperando todo o cenário se definir. Antes de tomar uma decisão, vamos esperar a estabilidade do preço da reposição e da oferta de grãos”, diz o pecuarista Fábio Gambarato.
Em sua fazenda, o gasto médio diário da alimentação bovina foi de R$ 5,50. Hoje, é de quase R$ 8. O milho foi o principal responsável pela alta. “Nós estamos tentando reidratar o milho ou colher o milho com o grão úmido, que é uma das medidas para aproveitar melhor os nutrientes do grão e baratear o custo da dieta”, diz Gambarato.
“Você tem o milho cada vez mais alto. Toda a parte de ração e sal mineral aumentando também. O custo de reposição não está favorável, e o consumo doméstico não incentiva. Esse cenário é extremamente desafiador”, diz Márcio Caparroz, diretor institucional da Associação Brasileira dos Confinadores.
Com o consumo interno cada vez menor, a aposta do setor é que as exportações ajudem a sustentar os preços. Mas, para o analista Alex Lopes, da Scot Consultoria, a rentabilidade vai ser menor em comparação com anos anteriores.
“Certamente vai ser um ano que a gente vai ter uma briga entre preço da arroba e inflação. Isso significa que o boi vai subir abaixo da inflação”, diz o analista.