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Boi gordo: entenda a situação do mercado e saiba o que fazer com o rebanho

Fatores como o clima, produtividade e até a política contribuíram para a queda no preço da arroba

Fonte: Henrique Bighetti/Canal Rural

O mercado do boi gordo passa por um momento de incerteza no Brasil, provocadas por problemas climáticos, menor oferta de animais e produtividade e até questões políticas, que influenciaram na queda da arroba, que acumula baixa de 12% em um ano. Para ajudar o produtor, o Canal Rural conversou com especialistas para orientar a evitar prejuízos.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), um dos motivos que explicam a desvalorização da arroba foi a seca em 2013 e 2014, que fez aumentar a taxa de mortalidade dos animais. “A taxa de mortalidade dos animais foi maior do que o normal e esse bezerro que morreu, que seria desmamado no final de 2014, o boi gordo de 2015, ele praticamente desapareceu do mercado, diminuindo a oferta”, disse o professor pesquisador Sérgio de Zen.

O segundo fator apontado pelos especialistas é que as vacas que reproduziram naquela época não conseguiram se recuperar. “Ela não emprenho e essa taxa de prenhez foi menor do que o esperado, diminuindo a oferta de bezerros em 2015 e de bois terminados para 2016. Isso tudo explica, de certa forma, porque mesmo com Brasil numa recessão brutal de 3,5 ao ano, não não afetou tanto preço do boi, porque a oferta também não foi boa e a gente teve um bom desempenho nas exportações”, completou o pesquisador.

Já o terceiro fator é a retomada da produção justamente após o período de seca de três anos. “Era esperada essa retomada na oferta de bezerros neste ano e, quando você olha para o setor, a produtividade cresceu porque o boi está dando dinheiro. Com isso, temos uma oferta maior de animais.”

E não apenas as questões dentro da porteira interferem no preço da arroba. A operação Carne Fraca tirou a confiança dos importadores do produto brasileiro e, de acordo com o pesquisador do Cepea, a delação da J&F acentuou ainda mais essa baixa. “Criou uma insegurança no mercado, pois esse player tem um papel muito importante na absorção da produção e na venda do exterior. Somando uma oferta maior e a perda em decorrência da fiscalização e perda em decorrência de fatores empresarias e políticos, acabamos criando um ambiente onde a queda de preço é inevitável”, disse o pesquisador.

Abate lento

No mesmo período do ano passado, o preço da arroba no estado de São Paulo girava em torno de R$ 154 e, este ano, fechou em R$ 136, registrando uma queda de quase 12%. Segundo o analista de mercado César de Castro Alves, a tendência é de uma queda ainda maior.

“Tem muitas fábricas fechadas e com menos gente comprando, o que significa um problema na mão do produtor, que tem gado pronto, quer negociar e está ainda segurando, esperando um pouco a poeira baixar”, disse.

Segundo Alves, ainda não é possível afirmar o movimento das empresas na questão do volume de abate e é possível que a oferta de gado pronto aumente ainda mais no ano que vem. “A gente depende de uma indústria mais ativa para absorver todo esse gado e, enquanto isso não acontecer, a tendência é o preço da arroba cair mais porque vai ter muita oferta e pouca demanda. Eu diria que a decisão dos produtores está totalmente baseada na expectativa do futuro das negociações dos abates das empresas e, se eles forem manter esse ritmo muito lento de compras, provavelmente o pecuarista vai ter que vender mais barato lá na frente.”

Enquanto a situação não melhora, a recomendação para o pecuarista é negociar os preços de forma gradativa, diversificar os parceiros de compra e agendar os recebimentos para datas diferentes. “Nós temos uma incógnita em relação ao principal player do mercado e não sabemos qual vai ser o ritmo de compra. Por mais que o mercado de boi volte e essa boiada venha para os abates nos próximos meses, se eles tiverem muito pouco ativos na compra é certo que o mercado vai sentir muito a falta deles, por mais que os outros frigoríficos menores tenham condição de absorver um pouco dessa demanda, há um limite pra isso”, disse o analista.

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