A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação realizou nesta quinta-feira, 22, hoje uma audiência pública para discutir a possibilidade de o país aceitar a entrada de uma variedade transgênica de trigo. A cultivar, chamada de HB4, foi desenvolvida na Argentina e tem como diferencial a resistência à seca.
A audiência contou com a participação de representantes da Embrapa, de empresas ligadas ao agro e de pesquisadores de genética vegetal. Alexandre Garcia, gestor de pesquisas da TMG, que é a empresa de melhoramento e genética que solicitou a análise do trigo geneticamente modificado, expôs os resultados já obtidos sobre o HB4.
Segundo ele, a cultivar é tolerante à seca e apresenta aumento de produtividade de 40% em relação às outras variedade de trigo existentes em situações de restrição hídrica e salinidade de solo. Estudos também mostram que o trigo transgênico mantém as qualidades nutricionais do convencional.
De acordo com Garcia, neste primeiro momento, a TMG solicita apenas a liberação de consumo do trigo transgênico para humanos e animais. O pedido de autorização de plantio deve ser postergado por demandar testes mais extensos.
Na audiência, um professor de Universidade Federal de Santa Catarina e doutor em genética questionou a ausência de estudos sobre o impacto do uso do glufosinato de amônio no trigo transgênico. Segundo Garcia, essas pesquisas não existem porque o herbicida tem aplicação proibida na Argentina. O gestor ainda avaliou que, pelo glifosato ter aplicado apenas como dessecante no brasil, não haveria impacto para o consumo humano.
Ao final, o presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Paulo Barroso, deixou claro que a análise de biossegurança da variedade ainda não foi iniciada. A comissão ainda está na fase de coleta de informações sobre o assunto com a comunidade científica e à comunidade produtiva.