A China está preferindo importar alimentos processados a adquirir matérias-primas agroindustriais. Desde o ano passado, a maioria das importações chinesas correspondeu a produtos destinados ao consumidor final, de acordo com um estudo publicado pelo serviço agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Segundo avaliação do comentarista Benedito Rosa, o comportamento chinês no mercado pode ser explicado por um avanço na classe média do país asiático. “Esse é um grupo que não exista há 50 anos. Hoje a classe média na China é maior que a população inteira dos Estados Unidos. Isso provocou um aumento expressivo da urbanização e da renda local onde a indústria chinesa não conseguiu abastecer uma demanda por itens processados tão grande e variada em tão pouco tempo”, analisa.
Ainda de acordo com Benedito Rosa, para evitar problemas de desabastecimento e de inflação, o governo chinês deu estímulo à importação de produtos alimentícios e processados pronto para o consumo, para atender essa faixa enorme da população asiática.
Nesse sentido, segundo o comentarista, existe uma oportunidade que o Brasil pode aproveitar para agregar valor aos seus produtos. No entanto, esse não é um processo simples. “Não será de uma hora para outra que a China vai comprar os nossos produtos. Antes de tudo, é preciso firmar acordos econômicos e comerciais para facilitar o fluxo dessas mercadorias”, diz o comentarista.
Ele ainda lembra que “para as pequenas e médias empresas, é preciso formar consórcios e atuar em linha com agências de promoção e com o governo, para cobrir alguns gastos elevados”.
“É uma oportunidade interessante para países do Mercosul, mas principalmente para o Brasil, e não podemos deixar passar. Precisamos ocupar essa faixa de mercado na China, envolvendo nossos agricultores, indústrias e governo. Agregar valor aos nossos produtos é um sonho”, finaliza Benedito Rosa.