Um problema sem solução. Essa é a realidade dos cafezais de Minas Gerais, infestados pela broca do café. A ausência de defensivos agrícolas eficientes dificulta o combate da praga, e o prejuízo nesta safra pode chegar a R$ 7 milhões nas lavouras do Cerrado Mineiro.
Considerado uma das principais pragas da cafeicultura brasileira, o inseto ataca o grão no período de maturação. De acordo com um levantamento realizado pela Expocaccer, principal cooperativa do Cerrado Mineiro, 9% dos lotes de café da região foram danificados pela praga nesta safra. Um aumento de 2% em relação ao ciclo anterior.
“Nos lotes de café de varrição, o percentual de broca é maior. Nos lotes de colhedeira ou de cafés colhidos de pano, como nós falamos aqui, a infestação é bem menor. Nos cafés mais novos, a infestação também é menor. Já nos mais velhos a infestação é um pouco maior porque o próprio grão de café que fica no pé é o hospedeiro para que a praga se desenvolva no próximo ano”, diz Joel de Souza Borges, trader da Expocaccer.
Durante a análise, foi constatado que a maior parte dos lotes eram de pequenos produtores rurais que não contavam com assistência técnica. Outro ponto observado foi a facilidade da infestação em áreas de maiores altitudes. Para a safra 2014/2015, o prejuízo econômico em Minas Gerais deve chegar a R$ 7 milhões.
O inseto prejudica a qualidade do grão e reduz a produtividade da lavoura. Um saca de café de 60 quilos infestada com a praga pode ter uma perda de peso de até 850 gramas.
“Se nós olharmos uma produtividade média de 35 sacas por hectare, o produtor vai perder em média, 25 a 27 quilos de café. Ou seja, a partir daí já se torna interessante o produtor fazer o custo/benefício para realizar o controle do defensivo agrícola”, diz Borges.
O produto que era utilizado no combate da praga foi banido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2013, por deixar resíduos no grão. O problema é que os novos defensivos disponíveis no mercado não apresentam a mesma eficiência e ainda aumentam em 50 vezes o custo de produção por hectare.
“Hoje nós estamos buscando alternativas, algumas já registradas no mercado de forma emergencial. Foi estabelecida agora no dia 17 de setembro a portaria da ministra Katia Abreu focando a necessidade de agilizar o registro de produtos para várias pragas, entre elas o bicudo do algodão e a broca do café. Então existe uma predisposição do governo de agilizar esse processo”, diz Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal.
Para a Associação Brasileira das Indústrias de Café, a praga pode prejudicar a competitividade do produto brasileiro no mercado externo. “Alguns países aceitam até um certo limite de grãos brocados, mas esse limite hoje está sendo ultrapassado em muitas regiões. Portanto, o exportador que precisa rebeneficar o seu café assumir mais custos diminuir a competitividade para continuar fornecendo no mercado externo sem risco de rejeição”, diz Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café.