Em Minas Gerais, o rendimento das lavouras de café está 11% abaixo do esperado, com a produção de frutos menores. O motivo é a má distribuição das chuvas e as altas temperaturas, que prejudicaram o tamanho e a granação do produto. Como são necessários mais grãos para preencher uma saca de 60 kg, há cafeicultor perdendo mais de R$ 10 por saca.
Segundo levantamento da Cooxupé, em média são necessários 480 litros de grãos para produzir uma saca. Nesta saca, de acordo com a cooperativa, a proporção subiu para 534 litros.
O coordenador técnico de geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro, afirma que o volume colhido não variou. “Mas, na hora de transformar isso em quilos de café beneficiado, tem uma variação de 11%, o que tem implicação direta na remuneração do produtor”, diz.
De acordo com Ribeiro, outro fator prejudicial é que, como a semente está menor, há um aumento na quantidade de resíduos. “Isso associado ao menor peso faz com que o rendimento do produtor seja ainda menor”.
Apesar de irrigar o cafezal, o produtor Rubens Tomé Moreno, de Indianópolis, no Triângulo Mineiro, obteve baixa produtividade. A média de rendimento nos 60 hectares da produtividade foi de cerca de 20 sacas por hectare.
Ele conta que o clima foi difícil nesta safra, com altas temperaturas e falta de chuvas. “A gente jogou adubo, mas não choveu o suficiente para a planta absorvê-lo. Investimos, mas a planta não teve o aproveitamento esperado e isso atrapalhou o tamanho e o enchimento do grão”, afirma Moreno.
Nas 16 primeiras semanas após a florada do cafeeiro, acontece a fase que determina o tamanho do fruto do grão. Já entre a 16ª e a 26ª semanas ocorre a etapa de granação, quando é feito o enchimento da semente. Durante esses dois períodos, a presença de água é determinante para o desenvolvimento produtivo.
O assistente técnico Lucas Alves Medeiros explica que, quando a planta necessitava de umidade, não havia água para gerar as flores. “As plantas então abortaram flores e isso reduziu a quantidade de café e a peneira dos grãos também foi afetada”, diz.
Rubens Moreno percebeu o impacto dessas condições sobre a produção após a colheita. Ele notou que a porcentagem de grãos de peneiras 17 e 18, padrão utilizado para medir a qualidade do café, ficou bem abaixo da média da fazenda.
“Os cafés mundo novo, que são melhores de peneira, a gente tem conseguido ente 45% e 50% de
peneira 17 e 18, e, neste ano, a média é de 30%. Isso interfere em preço, pois você perde entre 10% e 15% por
saca só na parte de peneira”, afirma o cafeicultor.
O coordenador técnico da Cooxupé lembra ainda que grãos miúdos, quebrados e mal formados têm valor muito menor. “Como neste ano a quantidade desses defeitos tem aumentando, a remuneração tem sido menor”, diz Éder Ribeiro.