Onde o clima não ajuda, a tecnologia pode dar uma mãozinha. É o que acontece em muitas fazendas de café no sul de Minas Gerais. Quem investiu no manejo adequado e no uso de novas máquinas está conseguindo produtividade bem acima da média.
Em uma fazenda de café em Machado, município do sul de Minas Gerais, mais da metade do café já foi colhido. Nela, o produtor estima colher 90 sacas por hectare. “Começamos a todo o vapor. Todas as máquinas estão trabalhando muito bem. E o pátio de secagem também está cheio. Estamos supercontentes com a colheita deste ano”, diz o produtor Arthur Moscofian Junior.
Algumas técnicas usadas na fazenda trazem otimismo ao produtor. Ele conta que o tempo não ajudou muito na safra, mas que o problema foi resolvido porque usa a fertiirrigação por gotejamento. Isso significa que a todo o momento a planta recebe os nutrientes de que precisa para crescer e dar uma boa florada. E o solo também ajuda muito.
“O sul de Minas teve um dos maiores derramamentos de larvas no continente sul-americano. É uma terra que tem muito ferro e muitos minerais. O pé de café adora isso. E estamos aproveitando para fazer café doce também”, afirma Moscofian.
A previsão de produção nacional de café arábica é de 36 milhões e 700 mil sacas de 60 quilos. Os maiores produtores do grão são Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Na cooperativa de Machado, 155 mil sacas já foram comercializadas, e outras 60 mil estão estocadas à espera de preços melhores.
“Essa semana deu uma melhorada, mas chegou a bater R$ 430 o café de qualidade. Então, para o produtor que vendeu o café por R$ 600 reais e vem para R$ 430, o preço esta ruim. Estamos em plena colheita, o mercado tende a se retrair. Mas, devido à pouca chuva que tivermos no inicio do ano, e por ser uma safra menor, pode ser que o preço volte a subir”, diz o supervisor de café David Rodrigues Soares.
Já prevendo isso, os produtores apostam no valor agregado do produto para poder ganhar mais, e muitos optam por produzir cafés especiais. Das 5.000 sacas previstas para serem colhidas na fazenda Santa Monica, mais da metade é de café gourmet.
Um dos motivos para o sucesso de produção dessa fazenda está, além do manejo, no investimento em tecnologia, em maquinário. Nos últimos sete anos, foram investidos R$ 15 milhões. O resultado final é um produto de alta qualidade.
Caixas especiais para a secagem do grão ajudam a diminuir o período que o café fica exposto ao tempo. Cinco máquinas a laser separam o grão cereja usado para o café gourmet. O produtor Moscofian explica que o segredo para o aumento da produtividade e da qualidade está no “esqueletamento” da planta.
“O cafeicultor é um fabricante de ramos. Quanto mais ramos ele tiver, mais café ele vai ter no ano que vem. Então nós cortamos e, em vez de dar um ramo só, nós temos 7 ramos, uma raridade. Isso é safra zero, a gente decota em cima e dá uma esqueletadinha”, diz ele.
Segundo o produtor, ele fica um ano sem colher. Só jogando adubo. No ano seguinte, diminui o nitrogênio e aumenta o cloreto de potássio. Isso encher os grãos, que ficam equilibrados, como muita doçura.
E o incentivo para produzir café especial e ganhar mais também é feito pela cooperativa da cidade. O produtor, além de ganhar com o próprio produto, fatura também uma porcentagem nos lucros da cooperativa, que hoje já conta com 2.200 cooperados.
“Isso graças a uma expansão de área, aumento da comercialização, aumento da confiabilidade do cooperado para com a cooperativa. Nós não acreditamos que vamos continuar crescendo nessa proporção, mas sempre bastante porque estamos com foco no cooperado. ele que é o importante para nós”, afirma João Emygdio Gonçalves, diretor da Coopama.