Até abril, o volume de chuvas em Serra Negra, interior de São Paulo, ficou abaixo da média histórica da região. A seca está deixando os produtores de café preocupados com o enchimento do grão, que começa a ser colhido no fim de maio. “Eles não crescem e dão peneira baixa, acabando com preço menor do que o normal”, diz o cafeicultor Antônio Carniel.
Na fazenda de Carniel, a última chuva acima de 20 milímetros ocorreu há mais de 30 dias e as marcas já começam a aparecer no cafezal. A estiagem afeta também o crescimento dos ramos, estrutura da planta que garante sustentação aos grãos. Segundo ele, a má formação pode afetar a produção da próxima safra.
“Ao longo do ano, a planta precisa transpirar, e é essa evapotranspiração que traz todos os nutrientes para poder sobreviver e produzir folhas e frutos”, explica o engenheiro agrônomo Jonas Ferraresso. Ele destaca que a coloração amarela ao redor das folhas é sinal que falta umidade.
Além de afetar o desenvolvimento da planta, a falta de chuva também acelera a maturação dos grãos. É comum encontrar pés de café onde parte dos grãos estão secos e outra, amarelos e verdes, o que mostra que o processo não ocorreu de forma natural. “Em casos de estresse como esse, a planta tende a reforçar a maturação para se livrar mais rápido do grão e evitar a própria morte”, explica Ferraresso.