Mais uma estimativa rebaixou a produtividade de laranja no Brasil na Safra 2016/2017. A expectativa é que até março o volume colhido no ciclo não passe de 244 milhões de caixas, o menor número dos últimos 28 anos no país.
Na propriedade de Emílio César Fávero, produtor de laranja, o fim da colheita se aproxima. Até março, o trabalho deve terminar nas oito fazendas, que abrigam 1,6 mil hectares de pés produtivos.
“Nós temos 20% da produção a ser colhida. A deste ano foi uma produção estável, talvez até com um pouco de aumento”, afirma. “Nós tivemos chuvas mais regulares, o que propiciou que as laranjas de uma forma geral mantivessem uma produção boa e os pomares permitiram que crescêssemos um pouco na produção da laranja, na produtividade.”
A realidade de Emílio César Fávero, que tem tido uma produtividade dentro do esperado no ciclo, é considerada incomum pelo fundo de defesa da Citricultura, o Fundecitrus. A estimativa da safra, divulgada em 12 de dezembro, prevê quebra de 19% na comparação com 2015. Tudo indica que é a menor produtividade dos últimos 28 anos do cinturão citrícola brasileiro.
Dos 350 municípios que formam o cinturão, os talhões mais prejudicados com o calor de setembro de 2015 foram as regiões de Bebedouro, no interior de São Paulo, e o sudoeste mineiro, que apresentou queda de 38% de produtividade em relação à safra passada.
“A estimativa nossa é que os estoques vão ficar abaixo de 2 mil toneladas no final da safra, então entramos a próxima safra com estoques muito reduzidos”, analisa o Coordenador da pesquisa de estimativa de safras Fundecitrus, Vinicius Trombin.
Além do adiantamento do fim da colheita o menor volume de laranja disponível interfere nos preços pagos pela caixa de 40 kg da fruta, que está 30% mais cara que em dezembro de 2015.
“Esses preços estão melhores também porque tivemos uma queda de produção não só no Brasil. Temos uma queda que vem acontecendo ano após ano na Flórida. Então, as principais regiões produtoras de laranja do mundo passando por problemas de produção”, aumenta Trombin.
O preço pago pela indústria é bem maior do que se pagou historicamente e a situação tem animado os produtores. “Gera um novo ânimo, porque os contratos que a indústria faz, já pensando no próximo ano, não conseguimos comprovar, mas me parece que são valores bons isso gera mais ânimo e faz com que o produtor venha a cuidar um pouco melhor do seu pomar”, completa Emílio.