A comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados realizou nesta segunda-feira (8) uma audiência pública para discutir a atuação do sistema nacional de fomento no financiamento ao agronegócio sustentável.
A audiência foi requerida pelo deputado federal Domingos Sávio (PMDB-MG), com o objetivo de debater a importância do crédito rural para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira.
“É um instrumento fundamental para garantir a produção, para garantir a continuidade de uma atividade que todos sabemos envolve custos elevados de capital, com retorno muitas vezes modestos. Sem o financiamento, ela se torna muitas das vezes impossível de ser praticada”, diz o parlamentar.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Instituições Financeiras, Sergio Suchodolski, neste momento de retomada da economia, é preciso criar um programa nacional de políticas públicas de investimento sustentável bem coordenado para conseguir atingir as metas de 2030.
A audiência pública destacou a distribuição de crédito rural para as cooperativas brasileiras, que têm importância não apenas econômica para o país, mas também social, na geração de empregos e renda. De acordo com o presidente da Cresol, Cledir Magri, no atual Plano Safra foram operados no setor pouco mais de R$ 6 bilhões, com foco em pequenos agricultores. “Nós estamos falando de milhares de pequenos agricultores sendo atendidos com o valor do tíquete médio de R$ 40 mil, se pegarmos o custeio e, se nós pegarmos o investimento, na casa de R$ 60 mil reais. Com isso dá para perceber a importância do Pronaf e do crédito agrícola na situação que nós estamos construindo”.
O Banco do Nordeste atende a quase 2 mil municípios na região e tem um ativo no crédito rural de quase R$ 30 bilhões. De acordo com o superintendente da instituição, Luís Sérgio Farias, a liberação de financiamento está cada vez mais relacionada à sustentabilidade. “Principalmente na questão do manejo de água, no manejo de solos e no manejo dos químicos, promovendo a melhoria de produtividade e de competitividade, [de forma] que possa introduzir tecnologias para diminuir custos, sem prejudicar o meio ambiente ”, afirma.
A diretora-presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte, Márcia Faria Maia citou o caso de dona Cícera, pequena produtora que teve sua vida transformada por conta do crédito rural. Ela plantava inicialmente apenas mandioca, mas hoje já mantém dez culturas na propriedade.
A presidente da comissão da Câmara, Aline Sleutjes, destacou a importância de dar uma vida digna aos produtores de alimentos. “A gente tem que dar condições para eles viverem bem e felizes onde estão, com casinha boa, água, luz, uma estrutura para oferecer aos seus filhos e aos seus netos condições de permanecer na roça”, diz ela.