Cebola: alto custo de produção faz agricultores apostarem em plantio precoce

Produtores em Minas Gerais preferem arriscar para ter uma rentabilidade melhor

O custo de produção de cebola em Minas Gerais deve aumentar 35% neste ano, em relação a 2015, ultrapassando R$ 30 mil por hectare. Com o dólar alto também influenciando nos preços, produtores começam o plantio mais cedo para tentar obter um retorno melhor. 

O produtor de cebola Valdir Trisoglio, que trabalha em uma fazenda próxima a Santa Juliana, no triângulo mineiro, afirma que mais da metade dos 90 hectares da propriedade já foi semeada. Ele explica que o plantio começa em janeiro e fevereiro para não coincidir com as safras de São Paulo e Goiás. “Se o nosso plantio atrasar e a colheita ocorrer junto com São Paulo e Goiás, o preço vai desabar. Então a gente corre o risco, planta um pouco mais cedo para tentar ter um lucro melhor”. 

Para compensar o aumento nos gastos, o produtor precisará colher, no mínimo, 50 toneladas por hectare, 20% a mais do que a média de produtividade da região na primeira safra do ano passado. 

Trisoglio aponta que a alta do dólar fez os custos do fertilizante, da energia e do óleo diesel aumentarem. “No ano passado nós plantamos com o dólar a R$ 2,10 e hoje ele gira em torno de R$ 4,00… Então nós precisamos produzir bem para suprir esse custo e ter lucro”.

O triângulo mineiro e o alto Paranaíba são os principais produtores de cebola no estado. Tradicionalmente, ocorrem duas safras por ano na região. Na primeira delas, a área plantada deve atingir 3.800 hectares, 10% a mais em relação ao ano passado.

“A cebola do plantio cedo produz menos por hectare, mas garante uma rentabilidade melhor”, explica o técnico agrícola Luiz Fernando Oliveira, acrescentando que os produtores conseguem melhores preços porque falta cebola no mercado. “Diante disso, os plantios devem aumentar este ano. No ano passado deu certo e o pessoal vai arriscar e plantar mais cedo em 2016”.

Atualmente, os preços praticados no mercado interno variam entre R$ 2,00 e R$ 2,50 o quilo. A expectativa dos produtores é que os valores se mantenham até maio e junho, período em que ocorre o início da colheita.

“Nós usando mais tecnologia para aumentar a produtividade, mas diante dos custos nós não temos muito o que fazer”, reclama o técnico agrícola, que ressalta que a única coisa que o produtor pode fazer é investir “da porteira para dentro, porque o custo de produção é o mercado quem dita”.