O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello decidiu nesta sexta-feira, 22, derrubar o sigilo de quase todo o vídeo da reunião ministerial ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto. O vídeo é considerado uma das peças-chave no inquérito que investiga as acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal para obter relatórios de inteligência.
Sobre o assunto, conversamos com o cientista político da Tendência Consultoria Rafael Cortez, que analisou as principais falas do encontro e avalia que muito debate virá nos próximos dias. “Me parece que o vídeo não separa as narrativas presentes no debate público entre as defesas de Sérgio Moro e do governo federal. Basicamente, se tinha uma celeuma sobre o que de fato significava a fala relacionada à troca de comando, abre aspas, na segurança no Rio de Janeiro”, disse.
A fala citada por Cortez é de quando Bolsonaro diz que precisa trocar a segurança da sua família. “Eu não vou esperar f… a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui para brincadeira”, disse o presidente na reunião.
Para o cientista político, a divulgação do vídeo servirá para prolongar a discussão dessa questão e as dúvidas sobre o mandato do presidente. “Dificilmente teremos um encerramento em curto prazo dessa questão do risco eventual para o mandato. Daí, se mantém um certo grau de incerteza com relação aos destinos do mandato atual”, falou.