O governo prometeu, há alguns meses, liberar R$ 300 milhões para empresas cerealistas para a construção de armazéns e silos. A verba, no entanto, não foi aprovada e os produtores aguardam o desenrolar dessa novela já para o ano de 2018.
O dinheiro foi prometido em junho, durante o Plano Safra e o atraso tem frustrado agricultores e prejudicado o plantio de grãos. “A gente tem uma carência gritante de armazenagem. Se você rodar um pouquinho no Mato Grosso, no Paraná ou Rio Grande do Sul vai verificar esse problema e, por alguma questão, o recurso já está carimbado e não entendemos como ainda não foi liberado”, disse o diretor-executivo da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), Roberto Queiroga.
O manual do crédito rural não permite por lei o financiamento de empresas que não sejam cooperativas e, por isso, o Ministério da Agricultura ampliou para que o recurso seja também oferecido aos cerealistas, desde que seja feito por uma legislação específica, por meio de medida provisória. “Está tudo consolidado, inclusive o remanejamento do orçamento para isso,que está dentro do PCA, mas é uma linha para cerealistas”, disse o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
A medida provisória está na Presidência da República e tem alterações que precisam passar pelo Congresso Nacional. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, conversou pessoalmente com Michel Temer para consolidar a assinatura da MP e já tornar lei, para que o recurso possa ir para os cerealistas.
O setor, no entanto, reclama da edição do texto da medida provisória e teme não conseguir ter uma quantidade significativa de armazenagem para a safra 2017/2018. “Se for editada amanhã, a gente não vai conseguir responder já para a safra de verão. Ou seja, já atrasamos praticamente uma safra inteira por causa desses quatro meses de edição e agora vamos ver como será o inverno”, comentou Queiroga.
O secretário de Política Agrícola explica que a medida ajuda também o produtor que vai ter mais poder de negociação e competitividade no mercado. “Podem se organizar em condomínio para fazerem um módulo de armazém nas suas propriedades e, com isso, fazer uma figura jurídica como cerealista e financiar”, disse Geller.