O alto volume de chuvas e as temperaturas elevadas favoreceram o surgimento de pragas nos cafezais. No Cerrado Mineiro, o índice de infestação de ferrugem em algumas lavouras está acima do normal e já preocupa os produtores.
Considerada uma das principais doenças dos cafezais, a ferrugem é um fungo que ataca as folhas das plantas. Locais úmidos e com altas temperaturas facilitam o surgimento da praga.
As manchas amarelas ao redor das folhas são sintomas de que a ferrugem já chegou. Para não correr riscos, o cafeicultor José Lucas Aguiar decidiu antecipar a aplicação de defensivos nas lavouras de café.
“Trabalhamos com a aplicação de fungicida de 60 dias. Mas, como nós temos algumas folhas ‘esporulando’ no terço médio e no baixeiro dos cafezais, optamos por antecipar um pouco e fazer com um intervalo de 50 dias entre uma aplicação e outra para controlar”, afirma.
“Essa doença começa de baixo para cima na planta porque é o local onde está o microclima mais favorável para seu desenvolvimento. A ferrugem é a principal doença do cafeeiro e pode causar perdas de até 80% da produção. Ela causa uma desfolha severa quando não controlada”, comenta o engenheiro agrônomo Adriano Gilson Rocha.
O controle da doença é feito por meio de fungicidas à base de cobe aplicado sobre a planta. Ou com o uso de defensivos granulados colocados diretamente no solo. Rocha afirma que é importante realizar mensalmente o monitoramento nas lavouras.
“Nós fazemos a análise visual e também a coleta das folhas. Nós coletamos no terço médio e baixeiro da planta em torno de 100 folhas de forma aleatória no talhão e depois a gente avalia quantas folhas estavam com manchas esporuando ou não”, conta ele.
No caso da ferrugem, o índice de infestação aceitável é no máximo 5% de manchas com esporos ativos em uma determinada lavoura. Neste início de ano, na região do Cerrado Mineiro, algumas propriedades já apresentam índices acima do normal, e a situação preocupa os produtores.
O levantamento realizado pela fundação Pró-Café, junto à Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio, mostra que existem lavouras em que o índice de infestação da ferrugem chega a 15%. Para o presidente da entidade, Marcelo Queiroz, os produtores devem ficar atentos.
“Essa evolução da ferrugem é muito rápida. O produtor precisa estar atento para fazer a aplicação no tempo certo, caso contrário ele pode ter uma desfolha muito rápida na lavoura e ter prejuízo não só agora, mas também na safra futura”, alerta Queiroz.
Outro ponto que preocupa o setor é o surgimento da broca-do-café. A praga é causada por um inseto que se instala no grão e interfere na produtividade. O índice de infestação aceitável para no máximo 2%. A dificuldade de encontrar produtos eficazes no combate dificulta o controle.
“Nós ainda não tivemos um resultado satisfatório dos produtos que estão sendo aplicados”, completa Marcelo Queiroz.