Há um interesse muito grande da China em investir em portos, ferrovias e rodovias no Brasil, e esses acordos já devem fazer parte de mais uma etapa do plano de concessões que a presidente Dilma Rousseff iria anunciar semana passada e adiou para junho.
A visita do primeiro-ministro começa oficialmente na terça, dia 19. Participam da comitiva mais de 100 empresários, que irão se reunir com autoridades, executivos brasileiros e representantes de diversos setores da economia, inclusive do agronegócio.
O advogado, especialista em infraestrutura, Bruno Werneck, do escritório Mattos Filho, aponta que o projeto, vislumbrado pelos chineses, está previsto nas obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) desde 2008, mas ainda não saiu do papel. A expectativa é que o capital chinês alavanque as obras e seja mais um canal para exportação de grãos do Brasil para um dos principais parceiros comerciais do país.
– A participação mais ativa do capital chinês é muito bem-vinda. A orientação do Estado para investir no Brasil vai fazer com que muitas empresas chinesas venham para cá. O capital chinês é menos focado em taxa de retorno do que o dos países capitalistas, e os investidores chineses aceitam correr mais riscos do que a média.
Werneck, no entanto, não aposta muito na entrada de mão de obra chinesa junto com os investimentos no Brasil.
– O Brasil é um país duro em relação a mão de obra estrangeira. É possível que o Brasil ceda muito pouco, o governo tem sido muito firme nesse aspecto. Na prática, a gente quer o capital e não quer a mão de obra chinesa por aqui.
Carne bovina
É esperada para esta visita a assinatura de um protocolo sanitário para agilizar a volta das exportações de carne bovina para a China. Na prática, é a formalização do fim do embargo chinês à carne bovina brasileira, que ocorreu em 2012, depois de um caso atípico de Mal da Vaca Louca, em Mato Grosso.
A expectativa é que, depois dessa formalização, o Brasil comece a se reposicionar no mercado chinês com a exportação não só de carne in natura, mas também de processados. Para isso, já há uma missão confirmada pela Agência de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex) com a Associação Brasileira da Indústria de Carnes (Abiec), que acontece entre os dias 9 e 12 de junho.
Oito novas plantas de frangos e suínos devem ser liberadas para exportação para a China. A expectativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) é de que a exportação de frango, hoje em 300 mil toneladas ao ano, aumente em mais de 100 mil toneladas com essas unidades.
Li Keqiang deve falar com a imprensa por volta do meio dia nesta terça, depois das reuniões e assinaturas dos acordos. Na quarta, dia 20, ele estará no Rio de Janeiro e, de lá, parte para uma viagem pela América do Sul, passando pela Colômbia, Peru e Chile.